quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Morte aos Professores!!!


Cidadãos, antes de continuar, lhes acalmo, pois o título é tão somente um grito irônico por conta do que parece ser a abertura da temporada de caça aos docentes que se instalou em nosso país nos últimos tempos. Claro, eu estaria sendo hipócrita se apenas considerasse os eventos recentes os quais só aumentam a nossa vergonha com a forma com a qual os Professores são tratados pelos governos tapuias; afinal, que a nossa Educação Pública vai de mal a pior já sabemos e, de uma forma ou de outra temos nossa parcela de culpa. Entretanto, a cada dia que passa, horrorizados, somos brindados com uma violência exacerbada contra os Professores no Rio de Janeiro; a atuação da Polícia Militar carioca, contra esses Profissionais tão essencias para a construção de uma sociedade melhor, beira as ações nazi-fascistas mais truculentas.




De algumas décadas pra cá, tenho visto aumentarem os casos de violência contra os Professores (as agressões vem de todos os lados, dos alunos, dos pais de alunos), em ritmo acelerado, assim como o descaso com a classe, mérito de nossos representantes e nosso também, mas entenderão na última parte deste textículo. De acordo com dados do MEC (Ministério da Educação e Cultura), 1,9% dos 225 mil docentes que responderam a questionário sobre o assunto durante a Prova Brasil (exame aplicado pelo MEC) afirmam terem sido agredidos fisicamente por estudantes em 2011.


Sem trocadilhos infames com as imagens que nos chegam dos protestos na 'Cidade Maravilhosa', a tarefa de ensinar, fica evidente o óbvio, ensinar virou caso de Polícia na terra brasilis.


Segundo pesquisa da APEOESP (Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), em maio deste ano, 44% dos Professores da rede estadual já sofreu algum tipo de violência na Escola. A forma mais comum é a agressão verbal, atingindo 39% dos docentes. Assédio Moral, 10%, o "bullying", 6% e a agressão física, 5%. E, surpreendentemente, os Professores que mais sofrem com a violência escolar são do sexo masculino do ensino médio: 65% foram agredidos de alguma maneira.


Docentes desmotivados com o quadro de abandono, no qual se encontra a profissão tão vital para a construção de uma sociedade; sem autoridade; pais que repassam à Escola, a tarefa de educar seus filhos; alunos inquietos em salas de aula que parecem paradas no tempo e governos criminosamente omissos, compõe essa bomba-relógio da violência.


Hoje a violência saiu das escolas e atinge os professores nas ruas! E ela vem da Polícia! A mesma Polícia mal-paga que manda seus filhos à Escola Pública abandonada pelos governantes que eles se esforçam para proteger. O soldado ao lado exibe um cacetete quebrado durante a manifestação dos Professores no Rio de Janeiro e pede 'desculpas'. É, no estado fluminense é o Professor que 'leva pau'. Isso é no mínimo falta de vergonha na cara daqueles que se aproveitam da tal "festa da Democracia" tão alardeada.



Vivemos tempos de escuridão para toda a sociedade brasileira; entendo que o estudo não é tão levado a sério no país e, pasme! As razões podem ser de ordem religiosa. Em recente entrevista à Jornalista Marília Gabriela, no programa 'De Frente com Gabi', o Cientísta Político, diretor do Instituto Análise (que atua na área de Pesquisa de Mercado e Opinião Pública) e colunista do jornal "Valor Econônimo", Alberto Carlos Martins afirma: "que o brasileiro nunca teve como prioridade a Educação e isso vem de nossa matriz católica; as tradições católicas e protestantes são opostas com relação a isso (Educação), o catolicismo decidiu educar a elite, não é por acaso que exista colégios e universidades jesuítas. Quando veio a reforma protestante, foi a seguinte decisão que eles tomaram, vamos educar o povo. Quando começou a reforma, 99% da população era analfabeta, era alfabetizada a Coroa, os nobres e o Clero. Eles (os Protestantes) disseram: vamos alfabetizar a todos, porque todos tem que ler a Bíblia; então o sistema escolar massificado alemão foi criado numa composição entre a Igreja Luterana e a Coroa local que se converteu ao luteranismo; aí a Igreja Católica começou a fazer vários experimentos para deter o protestantismo, um deles foi a 'Companhia de Jesus', (Jesuítas) que funcionou maravilhosamente bem. Ela (Igreja Católica) disse para os nobres o seguinte: olha, eu dou os professores e vocês me dão a estrutura e a gente educa a tua elite e aí aconteceu o inverso (da Alemanha), eles conseguiram deter o avanço do protestantismo; mas foram criadas duas tradições educacionais, uma para educar a população como um todo e a outra para educar a elite e nós somos vinculados a essa tradição (católica); Portugal tem uma das piores escolaridades de Europa, porque é extremamente católico o país. Mas isso não é uma conspiração das elites, é simplesmente, o político que investir demais em Educação, não recebe em troca o voto, porque o eleitor também não apóia isso, ele quer que invista em consumo, em Saúde. A Educação não é um valor em si próprio pra nós, como é num país protestante, a Educação para nós é um meio para atingir alguma coisa. Então, você vende a Educação no Brasil dizendo: mais educado você vai ter mais dinheiro, não como algo que tenha valor em si. Isso é cultural..." conclui.



Martin Luther


Precisamos rever nossos conceitos e conceder a Educação, o tal valor em si, tão desprezado - culturalmente - em nosso país; precisamos nos unir aos Professores em busca de uma Educação de qualidade para todos, pois os reflexos do descaso com o ensino público já batem as nossas portas com a violência e o desrespeito típicos da ignorância e não vem desacompanhada, pois junto, vem a própria desvalorização do ser humano, preso numa cela invisível de intolerância e preconceitos vis que só atrasam e afastam. A Educação brasileira está na UTI, os Professores já estão desenganados e o povo, aceita e aplaude. Algo precisa ser feito, com urgência. Ou nos unimos agora ou estaremos fadados às trevas da ignorância mais torpe e brutal, num futuro de máxima audiência em reportagens sensacionalistas.

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