quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Bolsa-Família, quem nunca muda de opinião...


Cidadãos; há muito venho pensando em rabiscar uma linhas sobre o programa Bolsa-Famíla e, confesso, tal empreitada não é das mais fáceis; a delicadeza para tratar um assunto tão sério deve ser muito bem calculada, pois o tema é sensível e desperta muitas discussões e opiniões acaloradas; e - infelizmente - muitas são as pessoas que se recusam a apresentar argumentos realmente sérios para tratar de assunto tão pertinente, e são capazes de expor o pior de si. Aliás, preferem continuar na cegueira das emoções partidárias em detrimento dos benefícios à mais de 16 milhões de famílias sobrevivendo abaixo da linha da pobreza.


O programa Bolsa-Família foi criado em pelo ex-Presidente Luís Ignácio da Silva (o 'Lula'), em 2003 para unificar os programas implantados durante o governo do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso (Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Auxílio-Gás e o Cartão-Alimentação) e trata-se de um programa de transferência direta de renda, que beneficia famílias em situação de pobreza e extrema pobreza; ou seja, auxilia financeiramente famílias pobres (com renda de 70 a 140 Reais) e extremamente pobres (renda menor que 70 Reais).




Para ter direito ao auxílio, as famílias beneficiárias devem manter seus filhos vacinados e freqüentes na escola. O programa integra o plano 'Brasil Sem Miséria' e tem em foco, os 16 milhões de brasileiros com renda per capita inferior a 70 Reais.



Em um país de contrastes, como o nosso, tal iniciativa é condenada por parcelas da população capazes de gastar em uma única noite, várias vezes o valor com o qual essas famílias sobrevivem pelo mês e vemos multiplicarem-se os apelidos pejorativos como 'Bolsa-Miséria', 'Bolsa-Esmola' ou 'Bolsa-Vagabundo'; sempre utilizando argumentos pífios para justificar uma ira, que pode até enganar à primeira vista, mas que não sobrevive a um escrutínio mais dedicado; os detratores mal disfarçam um ranço contra quaisquer iniciativas do Governo Federal para diminuir diferenças tão notórias; são inúmeras as críticas a acusar o programa de ser apenas uma jogada eleitoral de forma a garantir a permanência do Partido dos Trabalhadores no poder.



Pela internet, inúmeras pessoas se levantam contra o programa, como a 'Arquiteta/Professora/poetisa', Júlia Lícia (cuja frase é utilizada na, foto acima, para validar um pensamento egoísta muito comum nas redes sociais); para os detratores, a idéia principal não é ajudar brasileiros em situação de miséria, mas sim, aprisionar as pessoas, sem levar em conta que um dos requisitos é a tal freqüência escolar! E a real importância da Educação, libertar o homem de diversas amarras, é convenientemente, esquecida. À primeira vista, a frase tem seu charme, porém também não resiste a um olhar mais crítico. Passa a impressão de uma preocupação com o ser humano, no entanto, apenas mascara a realidade de uma fatia considerável da população brasileira e suas necessidades.


Um pouco da Poesia de Júlia Lícia: http://jullicia.wordpress.com/


São muitos aqueles que desconhecem pesquisas que revigoram a esperança no próprio povo brasileiro, as quais refletem uma ação já esquecida da grande maioria, a solidariedade das famílias que vão se livrando do jugo da miséria e abrindo mão, espontaneamente, do auxílio, para que o benefício chegue para outras famílias! Sim, já são mais de dois milhões de famílias que seguiram às Prefeituras com o propósito de se desligarem do programa!


O programa, a meu ver, é uma tentativa - válida - de reduzir a pobreza a curto e a longo prazo, transferindo capital para quebrar o ciclo de pobreza, ainda que e o menor valor pago seja de R$ 32,00. Antes de continuar, devemos considerar as opiniões de 'fora', pois, o programa foi considerado uma das principais tentativas de combate a pobreza do mundo. Para a publicação britânica, "The Economist", trata-se de um 'esquema anti-pobreza' e condicionar o acesso ao benefício a obrigatoriedade da freqüência escolar, para o jornal francês "Le Monde", 'representa a melhor arma, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, contra a pobreza'.


Enquanto navegava, procurando dados sólidos para validar minhas argumentações, me deparei com um blog, que não irei revelar aqui, pois não pouparei palavras para expor algumas máximas da ignorância cega que encontrei. De uma forma ordeira, um pseudo-intelectual aponta dez motivos para expor toda a sua mediocridade à prova. Bem, vamos por partes:





1. "O Bolsa-Família consiste meramente numa esmola, pois a família não produz nada para receber o benefício. Nunca nenhuma nação do mundo prosperou distribuindo esmolas ao seu povo. Muito pelo contrário, os países desenvolvidos são aqueles em que o povo sobe na vida através do próprio esforço".





R.: Para começo de conversa, tratar o auxílio mensal para famílias como esmola já evidencia a condição socio-econômica afortunada do 'pensador', pois - certamente - trata-se, para ele, de dinheiro de 'balada'. Subir na vida através do próprio esforço, é louvável, mas seria melhor conhecer a condição das pessoas que recebem o benefício. Gente combalida pela miséria, no mínimo, teria as forças renovadas e melhores condições de lutar por um lugar no mercado de trabalho, apenas pela possibilidade de uma melhor alimentação. Fato.




2. "O Bolsa-Família pode até combater os efeitos, mas não combate a causa da pobreza. É como secar o chão ao invés de tapar o buraco da goteira. O Bolsa-Família é uma medida emergencial que não resolve os problemas estruturais do Brasil. Por mais necessária que possa ser, ela ilude a muitos".




R.: Sim, combate a pobreza e de uma forma inovadora, dando condições às famílias para se desenvolver com melhor qualidade de vida. O programa não visa resolver os problemas estruturais do Brasil e sim, trazer um alento para famílias miseráveis, ajudando-as a buscar crescimento sadio e renovar esperanças.




3. O Bolsa-Família traz um benefício maior para quem tem mais filhos, muitos pobres acabam tendo mais filhos para ganhar mais benefícios do Estado/provedor. Logo, mais pessoas carentes nascem e a pobreza é perpetuada.





R.: A partir de um julgamento de caráter, o autor, generaliza os beneficiários, tratando-os por pessoas interessadas na 'Lei de Gérson', aquela na qual se deve, sempre, levar vantagem. Desnecessário dizer que se atribuir valores morais para quem não se conhece, é, no mínimo, atestar a própria estupidez.



4. O Bolsa-Família tem um caráter assistencialista no Nordenste que faz com que muitos o vejam como uma dádiva dos nossos atuais governantes. Logo, esse assistencialismo de Estado acaba influenciando muitas pessoas humildes a dar seu voto a determinado partido, seja por gratidão ou seja por medo de perder o que tem.



R.: Auxiliar famílias em situação de miséria não deve ser visto apenas como ação assistencialista, trata-se de argumento muito pobre e que não passa o real significado que poderia ser entendido como um ato de solidariedade do qual todos deveríamos nos orgulhar. E sim, é gratidão que sentem, porque após décadas e mais décadas de total abandono da classe dominante, muitas famílias reconhecem os esforços que lhes garantem o resgate de uma cidadania e dignidades há muito esquecidas. O programa deveria ter sido implantado em nosso país a muito mais tempo.




5. Premiar a ociedade é um erro. O assistencialismo acaba viciando o povo. Muitas são as pessoas que preferem ficar em casa do que trabalhar, pois recebem seguro desemprego e Bolsa-Família.





R.: A falácia mais típica e largamente difundida, ainda que completamente errônea e maliciosa; sabendo que o rendimento das famílias poucas vezes superam o valor de um salário mínimo - R$ 678,00 - o qual essas famílias não recebem, lembrando que tratam-se de núcleos familiares que recebem de 70 a 140 Reais por mês. Para usar uma palavra muito utilizada pelo autor, 'logo', catar latas de alumínio é um trabalho, mal-remunerado, mas trabalho.




6. O Bolsa-Família pode ser gasto com bebidas, drogas, prostituição, etc - diferente do finado Cheque-Cidadão. Logo, o dinheiro do benefício pode causar ainda mais malefícios para as famílias. Não é à toa que muitas famílias podem sofrer por causa do Bolsa-Família.






R.: Muitas pessoas não sabem - ou não querem saber - mas o benefício é, preferencialmente, entregue às Mulheres, exatamente para evitar esse tipo de problema; a mãe, geralmente preza pelo bem-estar de sua família e controla os gastos de acordo com as necessidades da mesma. Afirmar que "muitas famílias podem sofrer por causa do Bolsa-Família" é tão inadequado quanto mesquinho.



7. Não existe um mecanismo de saída para quem recebe o benefício. Logo, muitas pessoas ficam aprisionadas na mediocridade do assistencialismo.

R.: Contando com três eixos principais: a transferência de renda, que promove o alívio imediato das chagas da pobreza extrema; as condicionalidades, as quais reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social; e as ações e programas complementares, objetivam o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade.






8. O Bolsa-Família não obriga as famílias a aprenderem uma profissão ou a fazer um curso técnico. Não basta dar o peixe, é preciso ensinar a pescar. Não há contra-partida ou qualquer serviço que os beneficiados recebam para adquirir o dinheiro suado dos contribuintes. A única contra-partida é a mulher ter os filhos na escola e vacinados, o que já é uma obrigação constitucional.

R.: Novamente, o autor bate na tecla do 'mecanismo de saída', não diz muito, apenas 'enche lingüiça e, para validar sua 'percepção', entretanto, ao exibir sua ignorância sem pudores, omite o fato de que uma das prerrogativas visa inserir os beneficiários do Bolsa-Família no mercado de trabalho através da oferta de cursos de formação sintonizados com a vocação econômica de cada região. Escolas técnicas, o "Sistema S" (*) e outras redes serão mobilizados para que seja possível proporcionar cursos gratuitos e oferecer material pedagógico, lanche e transporte aos alunos. E ter os filhos na escola é uma coisa, garantir sua freqüência é outra, completamente diferente.

(*) "Sistema S", termo que define o conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas ao treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, cujos nomes começam com a letra 'S' e te raízes comuns e características organizacionais similiares. 
Fazem parte do "Sistema S"

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESC - Serviço Social do Comércio
SESI - Serviço Social da Indústria
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio
SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SESCOOP - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
SEST - Serviço Social de Transporte.



9. Os gastos crescentes com o Bolsa-Família acabam aumentando os gastos do governo, que terá que aumentar os impostos. Com mais impostos, os empresários não se motivarão a investir em mais empresas para criar mais empregos. Com menos empregos, há menos comércio e mais pobreza. Com mais pobreza, mais pessoas precisarão do Bolsa-Família. Com mais pessoas precisando do Bolsa-Família, mais votos terão os políticos populistas. Com mais políticos populistas, mais gastos no Bolsa-Família.


R.: Aqui, o autor inventa toda uma gama de 'brilhantes deduções', que podem até enganar os incautos, mas basta apenas lembrar que o aumento da rendas das famílias que contam com o auxílio, também aumentou a demanda por mais produtos, gerando assim um aquecimento em economias à beira da falência nos rincões esquecidos do país. Agora quanto aos "empresários não se motivarão a investir em mais empresas para criar mais empregos", percebe-se - claramente - que o autor se esqueceu do crescimento de empregos com carteira assinada no país, aliás, o mês de setembro tivemos a maior geração de empregos nos últimos três anos. Os dados divulgados do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), nesta Quarta-feira (16/10) pelo Ministério do Trabalho e Emprego, apontam a geração de 211.068 postos de trabalho com carteira assinada. O resultado do mês - um crescimento de 0,52%, aponta para uma reação do mercado de trabalho formal. No período de Janeiro de 2011 a setembro de 2013, houve geração de 4.7 milhões de empregos formais. Ou seja, é sempre muito fácil falar tendenciosamente quando se ignoram os números oficiais.


10. O Bolsa-Família não reduz o trabalho infantil. Muitas crianças batem ponto nas escolas, mas continuam trabalhando. O Bolsa-Família deveria ter como adicional para a melhora das notas dos alunos e um reforço para suas educações. De nada vale bater ponto nas nossas péssimas escolas públicas se a criança virar um analfabeto funcional.

R.: Não sei quanto a vocês, mas esses discursos sem fundamento, sem apresentar pesquisas, somente evidenciam a má-vontade de muitos e são parte de um retrocesso emocional emblemático das classes mais abastadas e profundamente ignorantes da realidade de grande parte do povo brasileiro.


Bem, como qualquer pessoa que valorize um mínimo de seus neurônios, essa é a tônica dos discursos contrários ao programa, facilmente refutáveis por conta da estreiteza de visão, ausência de pesquisa séria e uma mal-disfarçada falta de solidariedade e preocupação verdadeira com pessoas que passam fome, que vivem em condições precárias e que foram esquecidas por inúmeros governantes por décadas.


Convido a todos uma reflexão séria sobre os problemas do país e como cada um vem lutando para diminuí-los e deixo, para favorecer a seriedade, as palavras do Filósofo Immanuel Kant:



2 comentários:

  1. Sr Flavio Hernandez

    Com que direito usa da minha imagem em seu blog para falar de coisas que não sabe?
    Você não me conhece, não conhece o meu trabalho, não sabe da minha vida e fica dizendo coisas indevidas, me julgando, se referindo a mim como uma pessoa egoísta e sugerindo que sou capaz de gastar em uma noite várias vezes o valor pago em uma bolsa família.
    Criei meus filhos com dificuldade e muita dedicação e sempre me doei em prol da educação da arte e da cultura. Não preciso me apresentar com os cabelos despenteados como os seus para tentar convencer a ninguém sobre quem sou.

    BIOGRAFIA
    http://pt.slideshare.net/jullici/biografia-jlia-lcia-soares-matos-14224780
    http://conselhotutelardeitapetinga.blogspot.com.br/2011/08/exposicao-de-obras-de-arte-no-colegio.html

    I BIENAL DO LIVRO
    https://www.youtube.com/watch?v=qWt6FsapU2w ( REPORTAGEM DO ITAPETINGA NEWS)

    REPORTAGEM DA TV BAHIA
    https://www.youtube.com/watch?v=4ilRLWjWbgg

    CONTANDO ESTÓRIAS EM COLÉGIOS DA CIDADE:
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    http://educultrarte.blogspot.com/ (PROJETO PARA O 7 DE SETEMBRO)

    http://projetoartenaescolajulialicia.blogspot.com.br/ (COM O QUAL FUI FINALISTA NO PORTAL ARTE NA ESCOLA CONCORRENDO AO PRÉMIO ARTE NA ESCOLA CIDADÃ COM PROJETOS DE TODO BRASIL);

    No mais, antes de julgar, procure conhecer.

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