sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

"Justice League", minha crítica...



Há tempos venho pensando e re-pensando este textícolo acerca do filme "Justice League" (Liga da Justiça), lançado mês passado; assisti ao filme duas vezes no cinema e consegui uma cópia pirata de péssima qualidade para assistir novamente em casa. E foi o que fiz. Já assisti inúmeras vezes e a real impressão que me causa é que foi um desperdício gigantesco dos maiores Super-Heróis de Todos os Tempos.


Explico:

Infelizmente, o longa tão aguardado por fãs em todo o mundo, foi transformado num entretenimento um tanto infantilizado e até insosso e a culpa é das pessoas que não entenderam o que o Diretor Zack Snyder visionou e pressionaram os estúdios para uma mudança que deixasse o filme mais palatável para o pessoal que não gosta de usar o cérebro, que só quer consumir imagens e mais imagens.

Com o estupendo (para mim, o melhor filme de Super-Herói de Todos os Tempos) "Man of Steel" (Homem de Aço - 2013), Snyder acertou em cheio no que todo fã gostaria de ver; estava tudo lá, maravilhosamente distribuído em 143 minutos de um filme com todos os ingredientes para o sucesso.

A história e o heroísmo cativante do precursor Super-Herói, o encantamento que nos faz, fãs, desejar poder voar e ajudar os indefesos, tudo no lugar, com uma trilha sonora arrebatadora e imagens de encher os olhos... Não tenho medo de parecer bobo em dizer que foi um sonho de criança transformado em um filme para adultos que carregam dentro de si, a criança que um dia foram. Porém, houve quem se sentiu incomodado com as cenas de destruição, com os gritos das pessoas morrendo durante o ataque de Zod e seus soldados, tanto que até surgiram com uma expressão: "Destruction Porn"(destruição pornográfica, em tradução livre) e questionaram demasiadamente a mesma, como se não fosse o mínimo esperado de uma invasão alienígena em nosso planeta; vale lembrar a maravilhosa cena onde pessoas ao redor do globo, afetadas pelo poderio ameaçador da nave de Zod, fixavam seus olhos na tevê, exatamente como faríamos se uma espaçonava surgisse no céu em qualquer lugar do mundo. Esse senso de realidade foi estupendo. Guardem na memória esse assunto: "destruição", pois falarei sobre isso novamente ao abordar o filme "Justice League"...

Com "Batman vs Superman" (Batman contra Superman - 2016) pudemos perceber a influência das críticas negativas à destruição dando as caras, pois uma criatura monstruosa como o Apocalypse, assim como
nos quadrinhos, causaria estragos inenarráveis e numerosas baixas civis...

O filme, a meu ver, foi outra obra-de-arte, uma pérola, uma demonstração rara do talento de um Diretor que curte quadrinhos e que, nas telas, lhes deu uma visão madura, realista (ainda que se trate de um sujeito que voa e outro que se veste de morcego para combater o crime) e densa. Snyder nos trouxe um Batman amargurado, impotente diante de sua missão e da chegada de um ser tão poderoso. Porém, essa visão mais adulta, esbarrou em espectadores rasos, superficiais, incapazes de compreender o impacto emocional sobre o Morcego de Gotham quando Superman profere a frase "save Martha" e, tenho para mim, que o motivo real seja que ninguém nunca se tocou que os nomes das mães de ambos é Martha. Creio sim, que isso foi o que realmente incomodou e os fez perder a
sensibilidade necessária para compreender a carga emocional daquele momento, em que Batman se transformaria em um assassino a sangue-frio, como aquele que um dia matou seu pai e deu um tiro à queima-roupa no rosto de sua mãe. A importância da morte de sua mãe na sua "transformação" em um vigilante incansável, foi até retratada em um de seus sonhos, mas poucos compreenderam... E foi ali que se preparou o terreno para o diálogo que poupou a vida de Kal El. Foi a dica para compreendermos como a morte de sua mãe o abalou, isso de forma mais sutil, pois ao vermos uma pessoa fantasiada de morcego, temos uma noção de que o assassinato de seus pais o abalou, lógico.

"BvS", para mim, foi como se eu folheasse uma "Graphic Novel", pois se trata de uma obra-prima de rara sensibilidade, algo realmente para adultos, não para crianças folheando um simples 'gibizinho'. E residia aí, na minha opinião, a grandiosidade dos Super-Heróis da DC perante os carnavalescos personagens de sua rival. E foi aí que o visionário Snyder começou a perder a batalha contra a boçalidade.

Choveram críticas, injustas a meu ver, à sua obra e, tenho pra mim, que muitas dessas críticas vieram de incomodados fãs da editora rival, aliás, muitas das críticas mais negativas e pesadas, vieram de pessoas que idolatram quaisquer filmes da outra empresa, mesmo os ruins (que não são poucos), mas o pior ainda estava por vir, os responsáveis resolveram 'lapidar' as idéias de Snyder, resolveram 'aparar as arestas' e transformar a obra visionária do Diretor, em um filme mais "palatável" para os fãs de primeira viagem, para os infantilizados e principalmente para os "falsos fãs" que queriam filmes mais próximos dos sucessos da rival. Grande engano. Os filmes de Snyder traziam uma grandiloqüência fenomenal, que nos hipnotizava, não eram filmes "fast food" para o papai levar os pimpolhos e amiguinhos pra se esbaldar de comer, rir e esquecer o que viram. A grande prova de que esse não é o cinema de Zack Snyder, é que "BvS" é um filme que até hoje tem gente comentando. É um filme inesquecível, sempre haverá alguém para discutir a película.

Com "Justice League" veio a pressão sobre o Diretor, queriam um filme mais enxuto, curto, alegrinho, colorido e... Conseguiram, fizeram um filme que os fãs (a meu ver, da rival) queriam e descaracterizaram a visão de Snyder, que - pra mim - era/é grandiosa.



"Justice League" deveria ter sido pensado realmente como dois filmes ("part one, part two"), indiscutivelmente, era para ser a grande contribuição de Snyder aos filmes de Super-Heróis e, certamente, teria sido a chave para o sucesso. Os eventos dos três filmes estavam interligados, porém, houve uma ruptura estúpida em "Justice League" e seu corte broxante para qualquer fã sério de quadrinhos, gente que se acostumou a histórias longas, mini-séries mirabolantes... Aposto que Snyder não teria deixado de fora, a volta de Flash no tempo para alertar Bruce Wayne em "BvS", entre tantas e tantas coisas que hoje sabemos que foram cortadas do filme.

Podemos dizer que "Justice League" foi o filme que os "fãs" pediram, aqueles que adoram filmes dublados (nos quais esperam ouvir vozes de dubladores de desenhos animados), insossos, descartáveis, coisa de gente que não gosta de pensar, quer tudo mastigadinho e pronto... Por isso tenho a impressão que toda a pressão para esse tipo de filme veio mesmo de fãs da rival.

Porém-contudo-mastodaviaentretanto, "Justice League" ainda consegue ser um filme muito bom, mas é impossível não sentir que poderia ter sido muito mais, muito MAIOR e que - no fundo - pelo tamanho dos Super-Heróis retratados, esteve muito aquém, foi uma obra muito aquém do que Snyder poderia nos brindar, do que nossos Super-Heróis favoritos poderiam fazer... Queríamos todos ficar encantados. "Justice League" teve seus momentos, só poderia ter sido mais. Simples.

Ah, quase me esqueci, a questão da destruição que me referi anteriormente... Faltou destruição no
filme, mas faltou muita destruição, muita mesmo, exatamente para dar o ar de urgência da união de Super-Heróis para salvar o mundo, aliás, para dar uma impressão de "fim-de-mundo" para nós, seres-humanos, e justificar essa união dos maiores Super-Heróis de Todos os Tempos. E seria excitante poder ver nossos Super-Heróis prediletos enfrentando um exército de Pára-Demônios em batalhas longas e espetaculares, com a Wonder Woman esmagando os mesmos com seu poder no auge, Batman como estrategista, Flash literalmente atropelando e golpeando os invasores, Aquaman encarando fileiras desses soldados de Apokolips, distribuindo socos e "tridentadas" enquanto Cyborg nos mostra variações de suas armas contra os monstrengos de Steppenwolf... Em duas batalhas, na primeira Steppenwolf e os seus, acabam fugindo, na segunda, com Superman, vitória total.

A decisão de levar o filme para uma pequena e semi-abandondada área remota na Rússia, não ajudou em nada a dar uma dimensão do inferno na Terra que se aproximava. Por essas que não dá pra levar a sério o filme. Sim, por mim, a escolha do vilão foi acertada, principalmente se estivéssemos falando em um épico em duas partes. Seria demais fechar o primeiro filme com o Darkseid decidido a conquistar nosso planeta após a derrota de seu General. Seria fantástico o Darkseid jurando o kriptoniano.

E com Joss Whedon, muita coisa deveria ter sido proibida de acontecer, principalmente refilmagens
com Cavill de bigode, a cena inicial do filme me deu muita, mas muita vergonha, aquilo foi - no mínimo - ridículo, péssimo e, juro, de cara eu não reconheci o Cavill! O que fizeram foi horroroso.
É um filme muito bom, sim, porém era um filme para se tornar o maior épico dos filmes de Super-Heróis no cinema, algo para arrebatar fãs mundo afora, mas não, se limitaram a nos entregar um filme insosso, agradável, mas insosso. Assisti várias vezes, como já relatei, porém sempre fica a sensação de que poderia ter sido algo muito maior, grandioso e inesquecível; um filme à altura da DC Comics, um filme à altura de Zack Snyder, um filme à altura dos maiores Super-Heróis de Todos os Tempos. E não foi. E, pra piorar, me pareceu um filme feito às presas, "nas coxas", com cortes infelizes que reduziram demais o tamanho do longa... Há tantos anos nós, fãs, esperávamos por "Justice League", nós merecíamos seis horas de filme! Sim, seis horas, parte um e parte dois... E pelo que já vi do Diretor, era isso o que teríamos, uma overdose de emoções, de encantamento, não apenas "mais um filme", tinha que ser "O" filme, aquela obra para perdurar, para termos em nossas coleções que nos são tão caras.



Muitas também foram as reclamações acerca do vilão de "BvS", Lex Luthor e eu sempre tive para mim que as críticas eram prematuras e coisa de gente que não entendia a visão de Snyder; tratava-se de um vilão perigoso, o mal encarnado, insensível às mortes de milhares para provar seu ponto a Kal El e, claro, desequilibrado, mas que estava evoluindo ao Lex Luthor que conhecemos e que vimos na cena pós-créditos... Aliás, perdeu-se a oportunidade de criar uma trilogia "Justice League", a nossos Super-Heróis "overpower", enfrentando a liga de Luthor antes da  parte dois, da chegada de Darkseid à Terra. Seria algo gigantesco e arrebataria corações e mentes mundo afora. Sem sombra de dúvida.



Hoje, como centenas de milhares - talvez milhões - de fãs, espero que resolvam lançar a "Versão do
Diretor" para "Justice League" em Blue-Ray, para esquecermos esse filme "McDonald's" que nos entregaram e submergirmos na poderosa direção de Snyder. Mas, infelizmente, essa espera, esse sonho, tem tudo para não se realizar, para nossa infindável tristeza e sentimento de que não fomos respeitados, que fomos subestimados.

Para registro, confesso que gostei muito do Flash, embora não tenha gostado tanto da quantidade de
raios que o envolvem, mas isso é o de menos, pois sua participação foi espetacular e ele se tornou um belo alívio cômico; sua "luta" contra o Superman, bem, aquilo foi fora-de-série. Agora, sua corrida final, acabou ficando patética, ainda que eu entendi que ele estava se divertindo enquanto corria velozmente imitando patinadores, algo que muita gente não percebeu e rendeu comparação com a personagem Phoebe de "Friends" tentando correr ou fazer algo do tipo.

Não posso deixar de comentar que gostaria também de ter visto Kal El em seu uniforme preto, queria que ele o estivesse usando durante sua volta do mundo dos mortos e que a luta com os demais integrantes da Liga tivesse uma duração bem maior... Se com aqueles poucos minutos já nos extasiamos, imaginem com mais tempo na telona em 3D... Seria a realização dos sonhos de milhões de fãs mundo afora. Mas temos sempre que ter em mente que os fãs da DC, os verdadeiros fãs dos maiores Super-Heróis dos quadrinhos, são exigentes e fazer melhor não é tentar copiar o carnaval da rival. Aliás, deveriam ter esquecido daquela editora e seus filmes.

"Justice League" supriu nossa necessidade de assistir um filme dos maiores Super-Heróis de todos os tempos, porém, acabou nos deixando com uma vontade maior de assistir a um filme à altura desses Super-Heróis, que tanto nos encantam e há tanto tempo.

Se eu fosse o bilionário Bruce Wayne, abriria um produtora, compraria tudo o que Snyder precisaria
para rodar o filme - e o universo - que tinha em mente, contratar os atores e atrizes e dar-lhe carta branca para viajar. Sim, era isso que eu faria e faria questão de distribuir por todo o globo.

Não queria o filme que nos brindaram, queria o filme que merecemos e nesse quesito, fomos esquecidos.

Obrigado aos envolvidos por não nos trazerem "O" filme, ainda que estivessem com a faca e o queijo na mão... E só pra fechar, lembro que se fossem duas partes, na segunda poderíamos ter mais Super-Heróis na Liga. Quem sabe a nossa Tanagariana preferida, além de um Lantern? Quem sabe o Ajax? Que poderiam ser apresentados contra a equipe de Luthor... Ou mesmo que chegassem à Terra para ajudar os nossos Super-Heróis numa épica batalha final contra Darkseid e seus asseclas com todo o poderio dos exércitos de Apokolips, passando a integrar a equipe...

Ah, tanta coisa... Tanta coisa poderia ser feita e tenho certeza que Snyder conseguiria nos brindar com muita coisa boa, com sonhos tornados realidade.









Bem, de qualquer forma, obrigado Zack Snyder, nós - fãs - sabemos das pressões a que foi submetido e a tragédia que conseguiu - compreensivelmente - abalá-lo ao fim das filmagens. Esperamos, todos, que se recupere dessa dor e que volte a nos brindar com sua visão única e inspiradora, pois você ainda tem muito a doar a esse universo tão rico e tão carente de uma direção tão poderosa e sensível, tão certeira e que nos fez/faz sonhar. Grato.





Nenhum comentário:

Postar um comentário