sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Circo de Barbosa


Cidadãos; devo alertá-los: para ler o texto a seguir, em primeiro lugar você tem que abrir sua mente, dedicar-se a compreender o que é escrito, despido de preconceitos e pré-julgamentos, tão próprios quando nos deparamos com uma forma de pensar diferente da nossa. Como já o fiz antes, sou obrigado a informar-lhes que sou apartidário e esta é apenas a minha visão. Não sei mais do que ninguém, apenas baseio minhas afirmações e observações sobre o que vejo, leio e escuto acerca dos fatos; faço um balanço, penso bastante e passo para o papel. No caso, para o meu 'note'. Peço a todos, um pouquinho de paciência, atenção e um olhar neutro sobre o texto, alheio às paixões partidárias e visões deturpadas 'ensinadas' pela mídia. Sem fanatismos, sem radicalismos, apenas a observação crua e fria sobre os fatos. Mesmo que público e notório, me vejo no dever de avisar que não cabe aqui tentar desvalorizar minhas palavras arvorando-se em afirmações capengas, como já vi (muito) acontecer com qualquer pessoa que se recusa a pensar com o rebanho: "petista", "pago pelo PT para defender o partido", entre outras afirmações que somente expõe a incapacidade de analisar friamente um texto e preconceitos dos mais variados. Sem contar que invariavelmente desperta o pior das pessoas, algumas até se armam de uma empáfia intragável, como uma advogada com quem tentei conversar, que se limitava a ofender os demais por não terem OAB e ridicularizar o entendimento de todos, numa colossal pobreza de espírito e desprezo pelo próprio sentido de humildade. Ao invés de expor sua visão "tão" superior sobre o tema, se limitava a fazer troça do conhecimento dos outros, fazendo pouco caso de quem não pensava como ela e tentava dialogar. Ela só não contava com o fato de que os demais a confrontariam, expondo seu raciocínio de fazer corar seus Professores (se acompanhassem o desenrolar da discussão). Lamentável. "Estou errada, mas não dou o braço a torcer", foi esta a percepção final dos envolvidos. Ah, ok, chega, vamos lá... Bem-vindos ao:




Recebi há alguns dias, uma mensagem 'inbox' de uma amiga preocupada com o meu posicionamento acerca dos desdobramentos da Ação Penal n° 470; ela dizia que esperava que uma pessoa como eu, manifestante, preocupado com Causas Sociais, deveria ser o primeiro a aplaudir as condenações e prisões dos envolvidos no que a mídia batizou de 'Mensalão'. Em primeiro lugar, já há muita gente aplaudindo e comemorando, nas redes sociais e por toda a mídia. Como pensei na hora em que li a mensagem: "quer aplauso e comemoração? Liga no Jornal Nacional..." E, como penso por mim, prefiro me abster por conta de tanta denúncia pertinente brotando por todos os lados. Se for o caso, aplaudirei também, mas não agora, não é a hora, é - sim - hora de nos informarmos, de pensarmos e revermos nossos conceitos sobre o que esse julgamento representou. E também, hora de nos prepararmos para nos desculparmos por conta de tanta desinformação veiculada pelas redes sociais; muitos foram aqueles que se aproveitaram do momento para atacar violentamente os petistas e o próprio Partido dos Trabalhadores. Não se acanhem em se desculpar, caso o desenrolar dos fatos seja bem diferente do que gostariam. Eu o farei se a minha visão estiver equivocada.


Devemos levar em consideração que muitos são aqueles que estão, inocentes ou não, sob os efeitos de uma catarse coletiva intensa, pois - de uma certa forma - existe sim uma Vitória (da qual não discutirei os méritos agora) nos acontecimentos recentes; um sentimento de Glória, um êxtase primitivo originário da nossa percepção de que rico e político corrupto não vão para a cadeia, moldado através de milênios. Os exemplos são muitos, porém, não tomarei-lhes mais o tempo (a lista seria longa demais). Essa comoção de ver políticos indo para o xilindró nos toca a todos, com intensidades diferentes e formas diversas... E infelizmente, a muitos cega, quanto às falhas grotescas e prejudiciais para nossa sociedade, as quais estão pervesamente atreladas a decisão do Supremo Tribunal Federal.


Bem, respondi a ela e a todos respondo agora: depois de muito pensar, de muito observar e muito debater, o meu posicionamento, com clareza e discernimento que acredito ter alcançado distanciando-me do objeto de observação e (algum) estudo: eles erraram. Os Ministros do STF erraram e erraram feio, claro, foram induzidos ao erro, a meu ver, pelo Relator do processo e maciçamente pela mídia. Porém, não se preocupem, eles não foram eleitos com seus votos, não estão lá porque o povo assim quis, eles não nos representam. Fiquem tranqüilos.



Ainda que a mídia tenha tentado (vigorosamente, incutir em todos a idéia de um Salvador nos vingaria, apostando - principalmente - nos ânimos acirrados de uma parcela da população acostumada ao discurso midiático e extremamente propensa a pensar violências; contando com quão cansadas estão as pessoas, bombardeadas diariamente com noticiários de catástrofes e tragédias pessoais exploradas a exaustão), estávamos todos abertos à essa vinda de uma figura para nos salvar de toda essa corrupção, a eterna chaga de nosso país. Vale recordar que a figura do Ministro Joaquim Barbosa ganhou o imaginário popular na figura do "Cavaleiro", do "Paladino da Justiça" que nos livraria dos corruptos, um "super" Ministro e nos vimos todos aplaudindo uma pessoa que não estava fazendo mais do que o que deveria fazer, numa inversão de valores gritante e, para alguns, incômoda. "Isso aqui, ôô, é um pouquinho de Brasil, iáiá..."

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Como sabem, estudei Jornalismo e agora posso dizer-lhes, após analisar os discursos midiáticos, que pude notar claramente, as fórmulas utilizadas para incitar mais ódio numa fatia da população, as quais não demoraram a gerar postagens ofensivas pelas redes sociais, atacando com virulência o Partido dos Trabalhadores... E as respostas, não menos virulentas passaram a 'chover' pela internet. E fomos todos pegos no meio de uma discussão violenta, cujos interesses não representam o que o país realmente precisa agora. É necessário que paremos todos para pensar, analisar com sinceridade argumentos de ambos os lados em 'guerra' e a partir daí, formarmos nossas próprias opiniões, sem nos deixar levar por paixões rasteiras. Revendo, assim, nossos conceitos e nossas visões, muitas vezes tendenciosos e desonestos.


(todos sabemos que a mídia em nosso país está nas mãos de algumas famílias, 11 para ser mais preciso - Ah! 25% dos Senadores e cerca de 10% dos Deputados são concessionários de Rádios ou Tevês - as famílias: Marinho, Macedo, Abravanel, Civita, Carvalho, Saad, Dallevo, Queiroz, Mesquita, Sirotsky e Frias, decidem as informações que o povo brasileiro deve receber e quais não deve; tudo o que vemos, lemos e ouvimos na mídia, é definido por alguém representando uma dessas famílias e, acredite, no país da 'Lei de Gérson', soa inocente demais acreditar que nossos 'Barões da Mídia' realmente se interessam com Justiça Social e mesmo com o povo de seu país - a Ditadura em nosso passado recente é um bom exemplo do que estou falando - pois bem, como tantos, estão mais preocupados com seus bolsos e com as vidas cercadas de luxos e mimos com que estão acostumados. Pense! O vídeo abaixo, foi proibido de ser exibido na televisão brasileira no passado, mas a internet garante a liberdade de informação, então, vale a pena assistir.)




Voltando ao assunto... Na faculdade, aprendemos a tratar as notícias, buscamos assimilar até mesmo o peso (negativo ou positivo) de uma palavra. Por exemplo, recentemente fomos informados de protestos na França e chega a ser espantoso acompanhar o tratamento dado - pela mesma emissora (dos Marinho) ao fato e às manifestações em nosso país - na terra do brioche e da Torre Eiffel, tratava-se de "manifestantes que atearam fogo em 300 carros", enquanto no País do Futebol e da Bunda: "vândalos queimaram três ônibus". Pode não parecer muito, mas já dá uma bela idéia do peso difenciado das palavras "manifestantes" e "vândalos'. Dito isso, compreende-se a diferença entre formação de "quadrilha" e formação de "cartel".




Tenho notado em toda mídia, com o devido destaque à Rede Globo (Marinho) e à Revista Veja (Civita), manipulações na forma com que abordam as notícias relevantes a dois partidos políticos, o PT e o PSDB, mas utilizarei o episódio da demissão da Jornalista Marilene Felinto, da Folha de São Paulo (Frias), que é bem esclarecedor do que tento explicar. Após perceber a forma tendenciosa com a qual artigos e mesmo fotos de Luís Inácio da Silva, o 'Lula' e de José Serra, eram manipulados pelo jornal, alertou os leitores sobre o que estava acontecendo, explicou-lhes - numa breve aula de edição - como se escolhiam as melhores fotografias de Serra e as situavam em áreas especiais das páginas, de modo a incutir na mente do leitor, sentimentos positivos em relação ao candidato Tucano, em detrimento de seu nêmesis que ganhava sempre as piores posições, reforçando imagens negativas dissimuladamente. Aproveito para fazer uma breve propaganda do blog da Jornalista Marilene Felinto, muito bom, com assuntos muito interessantes, vale a pena acompanhar, chama-se - acertadamente - 'Mídia faz mal' (http://midiafazmal.wordpress.com/).


Tendo compreendido o que escrevi, tenha sempre em mente que é uma visão distanciada, fria e imparcial do que pude acompanhar. Lógico, não sou melhor nem pior do que ninguém, sou um ser-humano falível, passível a erros como qualquer outro, mas antes de me crucificar, tente me compreender e se estou errado nas minhas análises, esclareça-me, sem ofensas, sem agressividade, apenas converse comigo.


O Partido dos Trabalhadores incomoda... E muito, principalmente as famílias que comandam a mídia e a tantas outras que sonham em, um dia fazer, parte de uma elite invejada e cheia de privilégios. Incomoda a ponto de criar um ranço escabroso, fomentado com preconceito e forjado em discursos viscerais e elitistas, onde o ódio é quase indisfarçável, assimo como invariavelemente, repugnantes. A Rede Globo, apesar de popularesca e hegemônica, detém entre seus telespectadores, todas as classes sociais e em especial, uma parcela ruidosa, hierárquica e que vem bebendo com goles cada vez mais desesperados, um fascismo antiquado, perigoso e a cada dia mais perceptível, a Classe Média; cansada de levar o Brasil nas costas, com inúmeros impostos e obrigações e que, apesar de conquistar um padrão de vida confortável até, quer cada vez mais para si, olhando apenas para seu próprio umbigo e só reclama quando são atingidos pela violência dos despossuídos e proscritos, daí, os brados pela adoção da Pena-de-Morte jorram por todos os lados. (já assisti o Jornalista Marcelo Rezende defender a extinção da Defensoria Pública! Bizarro isso, ainda mais vindo de uma pessoa que goza de certo prestígio, mas acompanhando seu programa na Rede Record - Macedo - percebo que ele se tornou uma paródia de si mesmo, dando mais valor a um humor pobre do que ao verdadeiro Jornalismo). Certa feita, assisti uma reportagem, onde uma senhora elegante, reclamava da falta de modos e do humilde vestuário dos novos passageiros de avião, pois com o aumento de renda do brasileiro, surgiu uma nova Classe Média, formada por pessoas mais jovens, com um nível mais alto de escolaridade (e dispostas a aumentá-lo), ou seja, mais pessoas tem acesso a bens de consumo que antes eram restritos a poucos. E esses poucos se apossaram, no passado, dessas benesses e acreditam que são os únicos que podem desfrutá-las.


Apesar de uma melhor escolaridade, o discernimento dessa nova Classe Média é pautado pelo que lê, vê e ouve na mídia, forjando suas argumentações no que lhes é permito saber e da forma com que interessam às 11 famílias informá-los - ou mesmo - manipulá-los. É notória essa sensação de desconforto com o Partido dos Trabalhadores e mais ainda, quando se trata do ex-Presidente, Lula. A figura de Luís Inácio da Silva parece causar uma certa revolta e asco delirantes, que se fundem entre o preconceito, reconhecido, contra o povo nordestino e as humildes classificações de um ex-Torneiro Mecânico. Lembro-me da época de sua eleição, muitos diziam que ele não sabia nem falar Português e "queimaria o filme" do país ao se encontrar com líderes mundiais, que era um analfabeto, entre outros adjetivos impublicáveis. Ou ainda: "Como você, Professor, pode votar em um analfabeto?" Só pude responder com outra pergunta: "O que os diplomados fizeram pela Educação?" Nem precisei falar em "Progressão Continuada".


Dito isso, creio que todos tenham uma noção de como esse ranço contra o ex-Presidente e o partido que ajudou a criar, o PT, foram sendo incentivados. Mas, a Rede Globo não é a causadora única desse embuste que jogou brasileiros contra brasileiros, o papel da Revista Veja é deveras importante no caso. Facilmente encontrada em consultórios médicos e odontológicos do país, serve diretamente aquele grupo de pessoas que gosta de se dizer 'antenado' com o Brasil e o mundo, sem desconfiar das posições da publicação, que geralmente, me fazem pensar na ultra-Direita. Trata-se de uma publicação mais 'intelectualizada' e virou padrão para afirmar que tal sujeito é inteligente ("ele lê a Veja"), numa cegueira vergonhosa que renegam a todo custo. Nas páginas da Veja, como na tela da Globo, o Partido dos Trabalhadores, apesar de todas as conquistas, é um inimigo do povo e da liberdade, principalmente da mídia, sendo que apesar de ataques muitas vezes desleais, o que seria "a forra", não vem! Não se revogam concessões, as publicações não são processadas, invalidando qualquer tese da possibilidade de uma "censura vermelha", muito pelo contrário. Existe sim uma total liberdade imprensa em nosso país e essa liberdade, por sua vez, acaba criando situações de pura irresponsabilidade. Iludidos pela mídia, esses brasileiros, se deixaram levar pelo ódio ao PT e a seus máximos expoentes, Lula, Dilma, Genoíno e Dirceu, os dois últimos condenados no midiático 'Mensalão'.


Chego agora ao ponto central, o que me fez escrever este texto... A condenação de políticos do partido...


Soube, através da amiga supra-citada, que pessoas estavam incomodadas com a minha visão dos fatos, então explicarei minha opinião da melhor forma possível. Eu sou favorável a prisão de envolvidos em casos de corrupção, sem dúvida, como qualquer pessoa com o mínimo de capacidade intelectual, mas não concordo em como se deu no julgamento da AP n° 470! Basearei minha explicação com o caso de José Dirceu, para mim, o mais emblemático de todos. Primeiro, acredito que Dirceu possa sim ser corrupto e 'quadrilheiro', entretanto, não posso afirmar, pois não existem provas! Sim, como bem lembrado pelo Jurista Ives Gandra (que teve acesso ao processo), não foram encontradas provas contra o ex-Ministro da Casa Civil de Lula, fazendo com que os Ministros do Supremo, lançassem mão de uma teoria alemã chamada 'Domínio de Fato' para condená-lo.

(a teoria afirma que a pessoa que mesmo não tendo praticado diretamente a ação, é autor e não mero partícipe, por ter decidido e ordenado sua prática a subordinado seu, o qual foi - efetivamente - o agente que - diretamente - praticou o crime em obediência ao autor. O mentor não é mero partícipe, uma vez que seu ato não se restringe a induzir ou instigar o agente infrator, pois havia relação hierárquica e de subordinação entre ambos e não de mera influência resistível. O Domínio de Fato foi criado em 1939 para punir crimes cometidos na Alemanha pelo Partido Nazista e consiste na aplicação de pena ao mandante de um crime, mas como autor e não partícipe do mesmo. Para que seja aplica, a teoria que foi desenvolvida em 1963 por Claus Roxin, é necessário que a pessoa que ocupa o topo de uma organização, emita a ordem de execução da infração e comande os agentes diretos e o o fato. Como desdobramento dessa teoria, se entende que uma pessoa que tenha autoridade imediata e direta a um agente, ou grupo de agentes que prega ilicitude, em situação ou contexto que tem conhecimento, ou necessariamente deveria tê-lo, ess autoridade poderia ser responsabilizada pela infração do mesmo modo que os autores imediatos. Tal entendimento se choca com o Princípio da Inocência, segundo o qual, todos são inocentes, até que se prove sua culpabilidade. O Domínio de Fato diz que, para que a autoria seja comprovada, basta a dedução lógica e a responsabilização objetiva, supervalorizando os indícios).

A Ministra Rosa Webber foi direta: "não tenho prova cabal contra o Dirceu, mas a literatura jurídica me permite..." Ora, apesar de tanta gente dizendo que existem provas sim, o uso da teoria, por si, desmonta tal afirmativa! É óbvio que não existem provas e sim, indícios! A Ministra nem precisava ter se pronunciado, mas ao fazê-lo, deixou clara a situação. Todos queremos que corruptos paguem por seus crimes, mas daí a condenar uma pessoa por conta de indícios e presunções fere o conceito de Justiça, trata-se, na melhor das hipóteses, de 'justiçamento'. Me perdoem, mas eu ainda acredito que para cercearmos a liberdade de outrem, devemos provar sua culpa, se não podemos: "in dubio, pro reo". Na dúvida, a favor do réu! E o que me incomoda é que nessa ânsia por Justiça, as pessoas abraçaram o justiçamento, ou seja, não importam os meios, o fim (a condenação/prisão) vale qualquer esforço e mesmo, passar por cima desse preceito que sempre fez parte das decisões do STF e é bem aí que a 'porca torce o rabo' e os incautos, os quais não conseguem enxergar a longo prazo, aplaudem o espetáculo da mídia sem se dar conta que comemoram a criação (com o precedente) de uma, nas palavras de Gandra, "insegurança jurídica monumental". Para explicar melhor: imagine que você tem pessoas que trabalham para você, uma dessas pessoas comete um crime e diz em depoimento (e só precisa de um!) que você (cidadão honesto, cumpridor dos seus deveres) sabia de tudo, que você era o mentor... Pela teoria do 'Domínio de Fato', não há a necessidade de provas contundentes e irrefutáveis, você é culpado! Você é o chefe daquela pessoa, logo, você sabe de tudo. Não é preciso muito esforço mental para entender a cilada que o Bino não percebeu, pois Pedro também aplaudia regozijando-se alucinadamente. Isso está claro, só não vê quem não quer... Abriu-se um incômodo precedente que, no futuro, poderá ser utilizado até contra inocentes. Não perceber a perniciosidade de sentença empurrada goela abaixo do Brasil, é estar completamente alienado e cego diante a real situação e das manobras vexatórias de bastidores de uma política que só interessa a um setor da sociedade, aquela que detém os maiores benefícios e condições. Mas, claro, posso estar enganado, Ives Gandra pode estar enganado, ou como dizem os mais fanáticos anti-petistas, ele pode ter sido comprado para comprometer seus mais de 50 anos de Direito por favorecimentos econômicos defendendo Dirceu. Me perdoem, mas não posso compartilhar da mesma alegria de muitos, pois utilizar o Domínio de Fato abriu um precedente que terá reflexos futuros, aguardem. A melhor palavra agora é Irresponsabilidade. "É preciso, primeiro, provar a materialidade do crime, aquilo de que a pessoa é acusada tem de existir concretamente, não basta que a bruxa confesse que gostaria de ter matado o Papa, ou mesmo que matou o Papa, se o Papa está vivo, não há crime, o crime tem que ser material"  (Cesare Beccaria). Ah! Vale lembrar que a teoria do Domínio de Fato foi usada pela metade, pois deveria chegar ao ex-Presidente, Lula, o que não aconteceu, acredito, por conta da envergadura que sua figura política atingiu mundo afora. Essas falhas que hoje estão sendo veiculadas teriam sido expostas muito mais rápido se um Presidente estivesse no banco dos réus, com os olhos do mundo acompanhando avidamente o desenrolar do julgamento e a teoria seria atacada por entidades internacionais de imediato. Engana-se redondamente aquele que acredita que Dirceu e Genoíno estão pagando pela liberdade do ex-Presidente, que aceitaram ser condenados e presos para garantir-lhe a liberdade. A verdade é uma só: faltaram culhões para indiciar Lula no processo.




A Vitória (como abordei rapidamente antes) deve-se a mudança de paradigma, isso é positivo, o brasileiro precisava ver que ricos e políticos vão para a prisão, pois antes, a sensação de impunidade só crescia (nem vou falar do Maluf, mas creio que já entenderam o recado). Infelizmente, essa vitória deve ser escrita com "v" minúsculo mesmo, pois a forma como foi conquistada é, no mínimo, vexatória e apenas serviu para expor o pior de muita gente "boa", de muita gente "justa".


Agora, guardem este número: 2.000. Sim, 2.000 % foi o aumento de filiados ao Partido dos Trabalhadores após as prisões do último final-de-semana. O tiro saiu pela culatra; toda a tentativa de abalar o partido da atual Presidente da República não deu tão certo quanto gostariam os interessados em fazer o povo acreditar que prender sem provas seria uma boa idéia. A Rede Globo, que tanto destaque deu ao julgamento, que garantiu emprego ao filho do Relator do processo em um dos seus programas semanais, viu-se obrigada a ler uma nota pública assinada por Juristas e Intelectuais de renome, Políticos e Artistas, que atacam o que já se dizia à boca miúda há algum tempo, um processo repleto de erros tão comprometedores, que comprometem o Ministro Joaquim Barbosa, sua competência e boa-fé frente dos trabalhos. Divulgar a nota, ao invés de parecer por obrigação jornalística, certamente foi (não tenho certeza, mas parece ter sido) uma manobra para salvaguardar a emissora dos irmãos Marinho e jogar a culpa em Barbosa, que - me parece - um novo Collor (lembrem que ele foi alçado ao cargo mais alto de nosso país, em grande parte pela alcunha de 'Caçador de Marajás' conferida pela emissora), o 'Caçador de Corruptos' dos dias de hoje, um 'Salvador da Pátria' (parodiando novela da "Vênus Platinada"). Com o acesso que as pessoas tem (com a internet) hoje em dia, logo surgiram vídeos e textos atentando para as falhas do processo... E temos agora, o caso Pizzolato.


Bem, tenho a impressão de que o PT foi preparando uma 'cama-de-gato' no Presidente do Supremo... Pode parecer uma teoria amalucada, mas acompanhem para ver se não faz algum sentido. Ao perceberem que a situação estava muito difícil, com a decisão dos Ministros cada vez mais voltada a condenação dos envolvidos e aproveitando da dupla nacionalidade de Henrique Pizzolato (ex-Diretor de Marketing do Banco do Brasil e figura nevrálgica no processo), que chamam de "o homem do PT dentro de Instituição Pública", os réus contavam com a fuga do ítalo/brasileiro para a Itália, onde seria difícil para o país conseguir a sua extradição, ainda mais após o caso Battisti (quando Lula recusou-se a extraditar o italiano condenado por crimes naquele país). Pizzolado deixou o país, cerca de 45 dias antes de expedidos os mandados de prisão aos 'mensaleiros'. O governo italiano afirmou que ele é cidadão-livre no país e só tomará providência quando houver um pedido de extradição, que só será apresentado quando descobrirem o paradeiro dele na 'Bota'. Traduzindo, ele terá tempo de se preparar para uma nova batalha judicial, mas desta vez, no país da Azzurra. Se Pizzolato, que afirma ter documentos para corroborar seus clamores por inocência, o que, se confirmado, pode acabar com todo o processo do 'Mensalão', for absolvido na Europa, o STF e - principalmente - Barbosa, estarão em maus-lençóis; a carreira do Ministro será jogada na lama. Os fatos revelados recentemente atestam que o Presidente ignorou provas que inocentariam o réu/condenado, acreditando que a ladainha de total amplitude de defesa alardeada pela mídia, serviria para calar os detratores do que já vem sendo chamado de 'Mentirão'.


Acredito que o tempo nos dirá se o 'Mensalão' existiu de fato e se não passou apenas de um golpe contra um partido que há 11 anos governa o país e ao que tudo indica, ampliará essa temporada no poder, para desespero da Direita raivosa e dos Derrotistas rancorosos. O que fica, por enquanto é a falsa percepção de que a Justiça foi feita; falsa e frágil, ao que tudo indica. E bem, com a mudança de discurso observável na mídia, preocupada com os efeitos do tiro pela culatra, se o pior (para os golpistas - sim, golpistas) acontecer, deixarão a batata que já está sendo assada, nas mãos do Ministro Joaquim Barbosa, para que caia vítima solitária do circo que ergueu com ajuda de grande parte da mídia.


Deixo aqui, também, a opinião de quem sabe muito mais do que eu (vale muito a pena assistir até o final):




p.s.: peço encarecidas desculpas se o texto não estiver muito claro e por possíveis e eventuais equívocos gramaticais. Quaisquer dúvidas, entre em contato.

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