sexta-feira, 30 de maio de 2014

Minha vida com Caxumba


 Cidadãos; como sabem este blog é dedicado aos mais variados assuntos que se manifestam na mente deste humilde escriba, pois bem, fui tentar dormir e ao abraçar minha cachorrinha, a Caxumba do título, resolvi ignorar o sono e relatar-lhes o meu Amor Incondicional por esse serzinho.



Caxumbinha e eu.


Encontrei Caxumba por volta da hora do almoço, eu estava saindo para comer algo com uma amiga quando nos deparamos com uma filhotinha abandonada; ela chorava em frente a uma casa, enquanto um cão latia no portão... Não pensei duas vezes, a peguei no colo e toquei a campainha, pensei tratar-se de uma 'fugitiva', o que não era o caso; a mulher que me atendeu afirmou que ela não a pertencia. Como estávamos em uma movimentada e perigosa avenida, decidi que lhe procuraria um lar, pois eu morava em um apartamento e era proibido manter animais ali. Enquanto andávamos pelas ruas de Lorena, encontramos duas crianças, duas garotinhas que comentaram: "Olha que linda!" Ou algo assim (a memória já vai me falhando, rs) e rapidamente perguntei se elas gostariam de ficar com ela, ambas responderam afirmativamente e num piscar de olhos, algo me disse para ficar com ela e eu disse às duas meninas que eu checaria se realmente não poderia ter uma cachorrinha no apartamento. Sim, coisa feia o que fiz, deixei as duas com a esperança de ficar com aquela filhotinha por menos de um segundo. Nunca mais as vi. Após sua primeira noite no apartamento, me apaixonei. Eu me divertia com as peripécias de Caxumba (até então ela ainda não tinha nome, era a 'coisica'), principalmente com a forma como tentava subir no sofá: ela pegava espaço no corredor que ligava meu quarto à sala e vinha correndo, pulava e capotava no tapete, pois era muito alto pra ela. Com o passar do tempo, ela foi se mostrando uma excelente companheira e que era, ops, é (ela está bem vivinha aqui, rs) muito inteligente. Ela, na época, tinha três vasilhas, uma com ração, uma com leite e outra com água e não sei como descrever minha surpresa ao constatar que sempre que uma das vasilhas estava vazia, ela pegava e trazia para mim, bastou eu dizer: "Na mão do pai" e pronto, ela veio e colocou na minha mão! Aliás, é o que ela faz quando acabam ração e água, e o mais impressionante é que ela solta somente quando eu já estou segurando. Eu acho isso o máximo. Como eu morava em um apartamento "quarto-sala", o espaço era bem reduzido e como ela me surpreendeu ao passar a usar o banheiro, melhor, o box, para fazer o "número 1" e escondida, deixava o "número 2" na sacada, no cantinho, onde não dava para enxergar da sala. Certa feita fui até ela enquanto se aliviava e como uma "lady", disfarçou e saiu da sacada... 'Tadinha, morrendo de vontade, tive que ir ao quarto para que ela ficasse à vontade. Eu gostava de passear com ela, mas como ninguém sabia de sua existência no prédio, eu a colocava dentro de uma bolsa que tenho, até hoje ela não pode nem ver a tal bolsa, pois já quer se meter nela para passearmos. Ah, passear é palavra proibida perto dela, ela fica maluca, sai pra pegar a coleira e fica chorando, então, só uso tal palavra quando realmente vamos sair. E é algo fantástico isso, é só dizer "passear" e vê-la sumir atrás de sua coleira e voltar arrastando-a, depois é só ir até o portão, abrir e fechar, enquanto ela espera com a coleira na boca, daí é só mostrar a mão que ela entrega a coleira e já sai puxando; se no passeio deixo a coleira cair, ela pára pega e me entrega! Mas o mais louco disso tudo é que ela aprendeu a fazer isso tudo sozinha! Eu nunca a ensinei nada, só reforço o comportamento positivo com afagos e palavras de carinho e parabéns.


Lembro até hoje da primeira vez que a deixei sozinha no apartamento para ir trabalhar, fiquei bastante apreensivo, afinal, se tratava de uma filhotinha, certamente ela choraria, mas que nada, ela não chorou, não fez barulho, só uma baguncinha básica, aliás, até comeu um pedaço do meu colchão (na época eu não tinha cama, era só o colchão sobre um estrado no meio do quarto)! Pois bem, a presença dela só foi notada seis meses depois, porque o vizinho do andar de baixo reclamou do barulho das patinhas dela. Pura palhaçada, o sujeito, acredito, devia escutar reclamações de que seu bebê (eram um casal jovem) chorava todas as noites, sempre a partir das três da manhã, resolveu colocar a culpa na cachorrinha, que ele dizia ser responsável por acordar seu filho chorão. O detalhe é que ele sempre chorava no mesmo horário desde muito antes dela chegar. Na reunião de condomínio, ele começou a reclamar e eu não aguentei e o confrontei, afirmando que desde que eu havia me mudado para o apartamento, eu era acordado por um animal que berrava como se estivesse sendo torturado todas as madrugadas e que não era pra usar minha cachorrinha como desculpa. Desnecessário dizer que ele ficou irado: "você está chamando o meu filho de animal?" Sem perder a calma, só pude responder com outra pergunta: "É um vegetal?" Quase chegamos às vias de fato, sabe aquele cara altão que acha que intimida todo mundo? Então, era bem o tipo... Mas não passava de um mala reclamão. Ainda bem que antes da dona decidir não renovar meu aluguel, eu já estava pensando em alugar uma casa, para que a Caxumba pudesse ter mais espaço. Cachorro tem que ser cachorro.

Para quem estiver curioso pra saber de onde surgiu o nome Caxumba, revelo que antes pensei em vários nomes tipo Lolita, Capitu, porém, um dia, ao voltar do trabalho, deparei-me com minha guitarra, que estava sem a proteção para sua parte elétrica, com os fios todos arrancados... Daí Caxumba. Dá no saco! rs. O mais engraçado foi que a mesma amiga que estivera me visitando, voltara para passar o fim-de-semana comigo e no domingo à noite, num programa da Rede Globo, o Miguel Falabella chamou a empregada de "Caxumba", sua mulher perguntou: "Por que caxumba?" E a resposta: "Porque dá no saco!" Eu e minha amiga nos olhamos e caímos na gargalhada.

Bom, mudei-me para uma casa quase no centro de Lorena, era bastante espaçosa, tinha dois quartos e duas salas bastante grandes, uma cozinha enorme e garagem. Tratei de colocar uma tela no portão e a deixava ali todos os dias, por alguns minutos, para tomar sol e ver o movimento; nos finais-de-semana, eu me sentava lá fora para ler um livro ("Cavalo de Tróia") e ficávamos horas curtindo um solzinho.


Caxumba e Beterraba, só na pose.
Caxumba foi conquistando todos os meus amigos lorenenses, até aqueles que não gostavam de cães... É a felicidade dela com as visitas e o jeito todo meigo que só ela tem. Como eu disse, é uma "lady". Por algum tempo, aluguei minha garagem para uma universitária, muito bacana, que logo tornou-se uma amiga, seu nome é Vivi Dias e, fora a beleza inquestionável, conquista com sua sinceridade e o sorriso largo. Vivi também compartilha desse Amor Incondicional por cães e se apaixonou pela Caxumba também! Também pudera, a Caxuxumbinha ficava louca toda vez que a escutava chegar em casa após suas aulas e tão logo Vivi entrasse com o carro, lá ia ela pulando a janela para recepcioná-la. Quando teve o primeiro cio, comprei-lhe fraldinhas e me surpreendi com o fato dela não tirar e rasgar tudo, no segundo cio, já na nova residência, não é que ela escapou? Sim, escapou e eu fiquei maluco a procurando por uns quinze minutos, de repente, ela aparece, com uma cara de quem não tinha feito nada demais, pouco tempo depois, teve seus filhotes. Durante o parto eu estava mais nervoso do que a Caxumba, passei a noite ao seu lado, acariciando-a e confortando-a, lembro que senti vontade de ligar pra Vivi, que havia se oferecido para ajudar no que fosse possível no parto, aliás, essa atitude dela me deixou muito contente e esperançoso nos seres-humanos, dá gosto estar por perto de pessoas que realmente amam e se preocupam com animais. 'Taí uma alma evoluída. Bem, voltando, eram cinco filhotes no total e quatro eu doei, com facilidade, afinal, a Caxumbinha é vira-lata, mas é bem bonita. Alguns amigos dizem que ela é um 'mix', uma mistura de raças pequenas, tipo Pinscher com aquele cachorro que parece uma salsicha, Basset, Bassê, mas eu sei lá. Pra mim é uma vira-latas mesmo, porém, com classe! Bem, dos cinco, fiquei com uma outra menina, que ganhou o nome de Beterraba (ela era tão gordinha quando filhote); fiquei com ela para que a Caxumba não ficasse triste, pois se mostrou uma mãe tão dedicada que não quis privá-la da companhia de uma filhotinha (que chamo de 'neta', claro). O tempo passou e mais um cio veio e novamente a espertinha ganhou as ruas e voltou prenha, dessa vez, de um cão muito bizarro que vivia perambulando nas proximidades de casa. Ele era grande, mas os filhotes ficaram pouca coisa maior do que a Caxumba, cinco novamente e novamente doei apenas quatro, pois tinha uma que não me parecia lá muito normal, mentalmente falando. Essa ganhou o nome de Etiqueta, o que de fato, ela não tem. É uma doida, híper fofa e querida, mas, assim como a Beterraba, fofa, linda, querida, mas maluca. A Etiqueta pula em todo mundo, quer brincar, a Beterraba late pra todo mundo querendo brincar também, mas acaba assustando, pois ela não pára! E daí, éramos quatro, quatro crianças na casa.


Caxumba, Beterraba e Etiqueta 'tricotando'.


Apesar de gostar demais das três, somente a Caxumba é autorizada a ficar dentro de casa, quero dizer; no atual momento, pois em Lorena, a casa tinha um quintalzinho minúsculo, então não tinha como deixá-las lá, todas dormiam dentro de casa, contudo, somente a Caxumba pode dormir na minha cama. Sim, ela dorme comigo, sempre do meu lado, claro que quando acordo ela está nos meus pés.


Caxumba e Thomas. Filha e Sobrinho. Lindos.

A Caxumba é realmente um ser de outro planeta, sei que muitos donos de animais dizem o mesmo sobre seus queridos, mas no caso dela, ah, nem sei como explicar. Ela tem um Amor que não cabe nela. Por exemplo, quando a Beterraba ficou prenha, não é que a Caxumba pegou dois cachorrinhos e começou a amamentá-los? Eu achei tão bonito aquilo, mas sabia que ela não tinha leite, quero dizer, eu achava que sabia, ao conversar com ela e apertar-lhe uma das tetinhas dizendo: "Filha, você não tem mais leite...", eis que um jato voa pela sala! Rapidamente eu a deixei amamentar. E como sou abençoado com as 'cãs' mais legais do mundo, elas nunca brigaram por causa disso. Ah, a Caxumba tem uma coisa com crianças, chega a impressionar. Uma tarde, uma moça passou com uma criança chorando na frente de casa e a Caxuxu estava no portão, ao ouvir a criança, ela ficou desesperada, queria ir em socorro. Ela adora meus sobrinhos, principalmente o Thomas que quando vem aqui pra casa, brinca bastante com ela. Que minha irmã não leia isso, mas a Caxumba não dorme comigo quando ele está aqui! Ela corre pra cama e dorme com ele enquanto me estiro no sofá! "Lisa".

Recentemente tive um baita susto com minha Caxumbinha, durante uma festa aqui em casa, alguns amigos estavam conversando no portão quando ela escapou e, infelizmente, foi atropelada. Quando me avisaram, tentei andar calmamente lá pra fora e já ia rezando para não ter sido nada grave, mas foi. Ela teve uma fratura absurda da bacia e poderia até mesmo nunca mais andar. O preço salgadíssimo da cirurgia assustou e optei por arriscar deixá-la recuperar-se com o "método" mais convencional, com remédios e muito descanso. Foram os piores dias da minha vida. Nunca me esquecerei da minha amiga com a mão cheia de sangue me chamando, já pensei o pior, porém ela me acalmou dizendo, rapidamente, que o sangue não era da Caxumba, mas dela, pois fora tentar pegá-la e ganhou uma dentada (foi a primeira vez que a Caxumbinha mordeu alguém e, bem, é compreensível, foi a dor). Quando a vi, ela estava deitada na calçada, rosnava para os meus amigos à sua volta, quando me viu, as orelhinhas rapidamente mudaram de posição, foram pra trás, abaixadas e ela me olhou com uma cara de "pai, socorro" que me cortou o coração. Foram vários e vários dias de oração, fiz vaquinha pela internet, ganhei até um daqueles aparelhos de jato de água para fazer rifa e angariar o dinheiro necessário, mas o prazo para a cirurgia havia passado e o Veterinário achou melhor não mexer mais, tentei outros, mas todos foram taxativos, "se for operar agora, ela sofrerá mais para se recuperar". Deixei de lado a operação e me vali em Deus para que a ajudasse, pedi até ao meu pai (falecido) que intervisse lá em cima com o Todo-Poderoso em favor da minha mocinha... Agora, não sei como expressar a minha felicidade em vê-la andando novamente, os primeiros passos me deixavam com o coração apertado, pois ela não conseguia se equilibrar direito e tão logo cedia à dor, passava a se locomover com as patas dianteiras, essa imagem me machucava, de verdade, afinal, trata-se de uma cachorrinha tão cheia de vida, que adora correr e pular... Pois bem, passado algum tempo, ela já andava por mais tempo com as quatro patinhas e isso, pra mim, é um milagre, pois sua bacia foi estilhaçada, quem vê o raio-x não acredita que ela está tão bem. Acho que nunca chorei tanto na minha vida, quero dizer, fora quando perdi meu pai. Chorava, orava e pedia a Deus com todas as minhas forças para cuidar dela e abençoá-la, pois sei o quanto ela é elétrica e gosta de correr pelo quintal enlouquecida, brincando com suas filhas e netas. Sim, tenho mais 'garotinhas' aqui... Tem ainda a Saravá, a Peruca e a Polaina. Saravá e Polaina são filhas da Etiqueta, portanto, netas da Caxumba, a Peruca é filha dela, apesar de ter nascido sem rabo e ser bem maior que ela. E marrom (pinhão, como disse minha vizinha). Dia desses resolvi testar minha Caxuxu, disse a palavra mágica e saímos para uma visita a minha mãe... E não é que ela foi direitinho? E me puxando ainda!

Há algum tempo - que minha mãe não leia este texto, rs - recebo amigos aqui em casa para reuniões que viram festinhas bem bacanas, só gente legal, conversas de excelente nível, Rock'n'Roll comendo solto, às vezes karaokê, outras música ao vivo e vamos que vamos através da madrugada, pois bem, para facilitar o entendimento, li um artigo que indicava que os cães tem a mesma capacidade mental do que uma criança de cinco anos, achei o máximo, afinal, sempre acreditei que cães são crianças que nunca crescem... Então, sabe aquela criança que jura que é adulta, que rouba as roupas dos pais para se vestir como eles, tipo a filha que pega os sapatos da mãe e desfila perante o espelho, o filho que coloca o terno do pai e pega sua maleta de trabalho... Olha, a Caxumba é assim, não que ela pegue minhas roupas, mas é que ela adora estar entre meus amigos e quando entre eles, se comporta como uma 'adultinha'; senta-se no sofá, na pose, e fica nos observando, como se prestasse atenção nas nossas conversas; ela quer estar perto, quer participar, vez e outra deita deixando a barriga à mostra para que alguém faça-lhe carinho. Adoro isso, esse jeitão dela de tentar se passar como adulta, é uma criança!

Bem, esse texto ainda ficará bem longo, tenho muito a escrever sobre minha Caxuxu que dorme gostoso aqui do meu lado, sem deixar de externar a minha gratidão com as pessoas que me ajudaram financeiramente (apesar de não ter sido operada, o custo com o Veterinário ficou bem altinho, mas principalmente com todas as pessoas que souberam do ocorrido e que mandaram votos de melhores e orações valiosas. Tenho certeza que essas orações a ajudaram muito e serei eternamente grato a toda essa gente que é gente de verdade, que é ser-humano de verdade, pois num mundo onde tantos fazem mal aos animais, encontrar pessoas que os amem é tão gratificante quanto enriquecedor. Bem, já são sete e quinze da manhã, mas não abandonarei esse texto, depois escrevo mais. Ehe, tenho muita coisa pra contar sobre a Caxumbinha... Como por exemplo, ela é super-ciumenta, se estou com alguma garota aqui em casa, pronto, é a deixa para que ela não nos deixe em paz! Se estamos nos beijando, ela entra no meio, fica tentando brincar, disfarçadamente, 'puxa' os cabelos das garotas, sem machucar, mas para tirar a atenção delas de mim. É muito Amor...

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