quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Dia Nacional da Consciência Negra - uma breve Poesia


A Dor

Companheira fiel do açoite
Que hoje se arvora no preconceito
Que se apresenta no cair da noite
Como tristeza ruim que aperta o peito

Ela está nos resultados de pesquisas
Nas propagandas deste brasil tão 'europeu'
Na mídia que mal esconde a ojeriza
Na imposição de padrões que não são seus; nem nossos, nem meus.

A dor está nos comentários apequenados
A dor está jogada pelas periferias
Também está disfarçada nos corações envenenados
Por vezes se faz presente em plena luz do dia

A dor está na abordagem da Polícia
Na humilhação de ser 'suspeito'
Como se cor denotasse maldade, malícia
Como se cor convidasse ao desrespeito.

Um país que não entende sua dívida
Que se faz de cego ao extermínio
Que se levanta contra medidas mínimas
Sem pensar duas vezes: justifica homicídios.

País de tantas cores e tantas belezas
Na justiça apenas duas, e duas medidas
Chega de racismo, pois só há uma certeza:
Nascer negro é quase pena de morte em vida.

Hoje, conhecemos por favelas as novas senzalas
Lá a dor brada o seu canto mudo
Lá, essa dor não emociona o mundo
E por aqui, essa dor nunca chega às salas.

Portanto, da carne que o chicote castigou
Do sangue com gôsto de lágrima
Virou-se da História essa vil página
Contudo, a dor nunca cessou.




F. Hernandez

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