terça-feira, 18 de setembro de 2018

Por que Lula?

Cidadãs e Cidadãos, pretendo com este texto, trazer à baila dados e fatos sobre os governos do ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva, que explicam sua preferência incontestável na corrida presidencial e no coração do povo brasileiro. Então, por que Lula?

Em primeiro lugar devemos nos recordar que o Governo Lula corresponde ao período da História Política brasileira inciado com sua posse à Presidência em 1° de Janeiro de 2003, após derrotar de forma esmagadora no segundo turno, o candidato José Serra (PSDB), com 61,27% dos votos válidos. E para compreender melhor o que realmente representa este governo, precisamos nos recordar da situação do Brasil à época.

Mas quem é Luís Inácio Lula da Silva? Lula, como é mais conhecido por todo o país, é um pernambucano do Município de Garanhuns, nasceu em 27 de Outubro de 1945 e veio para São Paulo de "pau-de-arara" (meio de transporte tão irregular quanto precário). Com 12 anos, Lula, começou o seu primeiro emprego, em uma tinturaria, mas só teve sua carteira assinada dois anos depois. Trabalhou em várias profissões até se formar no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) como Torneiro Mecânico. Durante a ditadura, trabalhou em várias fábricas. Em 1969 começou a participar das atividades do Sindicato dos Metalúrgicos, sendo eleito Presidente em 1975. Em 78 iniciou-se a Greve do ABC Paulista, após de mais de dez anos sem greves por conta da brutal repressão do regime militar. Em 1980, Lula foi indiciado na Lei de Segurança Nacional e ficou preso por 31 dias. Em 1980, fundou o Partido dos Trabalhadores com operários e intelectuais e em 1986, tornou-se o Deputado Federal eleito com a maioria dos votos e participou da Assembléia Constituinte que elaborou a Constituição de 1988. Há alguns anos tenho notado amigos dizendo que o PT não teria votado a Carta Magna, mas há um equívoco aí, pois de acordo com o próprio Lula em uma cerimônia de homenagem aos então 25 anos da Constituição Federal de 1988, o PT era "duro na queda" e queria um texto mais radical e, assim, votou contra o texto, porém, após a aprovação do texto final, o partido votou favorável.

2002 começou com uma epidemia de Dengue e muita violência; foi o ano dos assassinatos brutais do Jornalista carioca Tim Lopes e do casal Richtofen, que chocaram o país e - para mim - um dos fatos mais marcantes foi o assassinato do Jornalista norte-americano Daniel Pearl, pois foi a primeira morte que assisti na internet e aquelas imagens, aqueles os sons, me perseguiram e perturbaram por um bom tempo; no cinema, o filme brasileiro mais assistido era "Cidade de Deus", um sucesso reconhecido em Cannes e por críticos mundo afora. Na TV, o Brasil acompanhava as desventuras de Kléber Bambam e sua Maria Eugênia na primeira edição do "Big Brother Brasil", que se transformou no programa de maior audiência no país e o Gol "bolinha" era o carro mais vendido.

Ano eleitoral e de Copa do Mundo, vencida pelo "Escrete Canarinho" no primeiro Mundial a acontecer em dois países, Coréia do Sul e Japão, colocando o Brasil no topo do futebol mundial ao derrotar a seleção alemã com dois gols de Ronaldo "fenômeno". O país inteiro então experimentou uma mistura de sentimentos. Pela manhã, alegria e comemoração pela conquista do penta-campeonato e tristeza e emoção pela partida do médium Chico Xavier, principalmente por conta de declaração de seu filho Eurípedes Higino, que afirmara que seu pai "sempre dizia que ia desencarnar ou morrer no dia que o Brasil estivesse em festa" e que ele não teria tempo para pensar em sua morte. "E realmente foi assim", emendou Eurípedes.

Na política, Fernando Henrique Cardoso encerrava seus oito anos de mandato com reprovação maior do que aprovação: para 36% dos brasileiros, o Presidente era avaliado como sendo ruim ou péssimo, contra 26% que achavam que ele estava sendo ótimo ou bom. Para 35% o país em 2002, de um modo geral, em relação ao que era antes do início do governo Fernando Henrique Cardoso, estava melhor e 34% achava que o país está pior e 28% acreditavam que o país não mudou nesse período, nem para melhor, nem para pior.

O desemprego foi uma incômoda marca negativa da "Era FHC", ao passo que a questão da fome ganhava relevo entre a população brasileira. Em pesquisa do DataFolha na época, 34% dos brasileiros citavam o desemprego como o principal problema do país (67% consideravam ruim ou péssimo o desempenho do governo nessa área) e 15% dos entrevistados indicavam a fome e a miséria. Para os entrevistados, Políticos (33%) e Bancos (29%) foram os setores da sociedade e da economia mais beneficiados pelo governo. Para quase metade dos entrevistados (49%), os maiores prejudicados durante o governo FHC foram os Trabalhadores, de um modo geral.

Abaixo, reportagem exibida pela Rede Globo em 2001, sobre o flagelo da fome durante o governo de Fernando Henrique:



Para uma compreensão maior sobre o país deixado por Fernando Henrique Cardoso ao ex-Presidente Lula, precisamos conhecer os dados sócio-econômicos encerrados em 2002 e também os dados referentes da "Era Lula", para assim termos um entendimento maior e esclarecer com mais facilidade porque estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta os oito anos de Lula como nosso melhor momento econômico em trinta anos, o que saltará aos olhos de qualquer pessoa que decidir se atentar aos números apresentados.

Aproveitando a triste matéria apresentada acima, reforço dados referentes a Mortalidade Infantil no país; enquanto em 2002, 25,3 crianças perdiam a vida (em 1000 nascidos vivos) em 2010, o número foi reduzido para 15,6 mortes para cada 1000 nascidos vivos.

 Em 2002, Fernando Henrique Cardoso entregou o país ao ex-Presidente Lula, com o Produto Interno Bruto (PIB), a riqueza gerada pelo país, na ordem de R$ 1,48 trilhão, que em oito anos aumentou o mesmo a R$ 3, 675 trilhões em 2010, fechando o ano com o maior alta em em 24 anos, 7,5%, ou seja, o maior avanço desde 1986, quando o Brasil vivia o "Plano Cruzado" (e também cresceu 7,5%).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta foi influenciada pelo forte desempenho da demanda interna e, claro, pela baixa base de comparação do ano anterior, quando o PIB registrou retração de 0,6%, por conta dos efeitos da crise econômica global de 2008. A média de crescimento nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou em 4,60%, enquanto no governo de Fernando Henrique Cardoso foi de 2,48%, explicando porque o PIB per capita ficou em R$ 19.016 em 2010 em contraste com os R$ 7,6 mil em 2002. Registre-se que nos oito anos da "Era Lula", o PIB cresceu a uma média anual de 4%, enquanto com FHC, essa expansão foi de 2,3%.

Economistas fazem ressalvas à uma comparação entre os governos, pois o ex-Presidente Lula não encontrou apenas um mercado internacional "favorável", contou também com os benefícios de reformas feitas durante o governo FHC. Ainda sim, não há como não apontar que os ganhos do país com Lula à frente da Presidência foram expressivos, uma vez que tivemos o restabelecimento, tanto da expansão econômica quanto da geração de empregos, o que não foi registrado na década de 90. Obviamente, o resultado exitoso do PIB daqueles anos foram anabolizados pela política de Transferência de Renda, tanto pelo aumento do salário-mínimo acima da inflação quanto ao Bolsa-Família, assunto que tratarei mais à frente. Não podemos esquecer aqui, que a classe média cresceu 44% nos oito anos de Lula, tornando-se assim, um dos principais símbolos da economia, ao passo que se estabelecia como classe majoritária do país, ultrapassando 50% da população e o consumo das famílias da chamada classe média "C" cresceu 6,8 vezes, quase igualando às despesas - somadas - das classes "A" e "B". Tamanho sucesso pode ser creditado diretamente à política de valorização do salário-mínimo, recordando que ao entregar o país, o salário-mínimo havia fechado o ano de 2002 em R$ 200 , com a política do ex-Presidente Lula, o salário-mínimo terminou 2010 em  R$ 510,00 e já iniciando o primeiro ano da Presidenta Dilma Rousseff em R$ 540,00. Convertido em dólares, o salário-mínimo de 2002 representava menos de cem dólares (U$ 86,21). Com Lula iniciou-se o processo que permitiu que 38 milhões de pessoas ascendessem à Nova Classe Média (Classe C).

A taxa Selic, também conhecida como "taxa básica de juros" da economia brasileira, é a menor taxa de juros da economia brasileira (junto com a "Taxa de Longo Prazo - TLP) e serve de referência para a economia do país. É usada nos empréstimos feitos entre bancos e também em aplições feitas por estas instituições bancárias em títulos públicos federais e é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (COPOM); é a partir da Selic que bancos definem a remuneração de algumas aplicações financeiras feitas por clientes e também é usada como referência de juros para empréstimos e financiamentos. Vale lembrar que a Taxa Selic não é a utilizada para empréstimos e financiamentos na "ponta final" (pessoas físicas e empresas), os bancos tomam dinheiro emprestado pela Taxa Selic, porém, ao emprestar para os clientes, a taxa de juros bancários é muito maior (uma vez que os bancos incluem lucro, custos operacionais e risco de calote). Em 2002, a Taxa Selic estava em 18,9%, enquanto em 2010, 9,9%.

Outro fator a se considerar foi o combate à inflação, se FHC deixou o país com uma inflação de 9,1%, Lula entregou a faixa presidencial com 5,9%.

Outro ponto importante para uma comparação entre o Brasil entregue por FHC e daquele entregue por Lula, diz respeito ao lucro dos bancos públicos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) e BNDES; enquanto a Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil registraram em 2002, lucros de R$ 1,1 bilhão e R$ 2 bilhões, respectivamente, em 2010, saltam aos olhos os valores registrados: R$ 3,7 bilhões (CEF) e R$ 11,7 bilhões (BB). Já o Banco Nacional de Desenvolvimento, pulou de R$ 550 milhões em 2002 para o lucro recorde de R$ 9,9 bilhões em 2010.

A Dívida Líquida do setor público (a diferença entre a dívida pública bruta e os créditos não-financeiros do setor público e do Banco Central; com exceção da Petrobras e da Eletrobras, o BC calcula a dívida pública líquida para todo o setor público, a saber: União, Estados, Municípios, Banco Central e outras empresas estatais) deixada por Fernando Henrique Cardoso em 2002 consumia 60% do Produto Interno Bruto, ao final do governo Lula, registrou-se a redução para 40,4% do PIB.

Vale lembrar aqui, que as Reservas Internacionais do país que em 2002 apresentavam US$ 37 bilhões, sendo US$ 15 bilhões em empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que representava a subjugação do Brasil aos desígnios da instituição que ditava caminhos para o país, porém, em 2005 - e apenas 3 anos de mandato - o ex-Presidente Lula quitou a dívida pagando o valor de US$ 15,5 bilhões (que venceriam até o final de 2007) economizando US$ 900 milhões em juros, e, de quebra, entregou o governo com US$ 288,57 bilhões em reservas. As Reservas Internacionais servem como uma espécie de "colchão de segurança" do país, o nível atual pode ser considerado um pouco elevado, pois sai caro, contudo, em um mundo turbulento, esse "colchão" não faz tão mal.

Em relação às Reservas Internacionais, podemos apontar a redução da relação dívida externa/Reservas Internacionais, que em 2002 chegaram ao ex-Presidente Lula representando 557% e foram entregues por ele à Dilma Rousseff, sua sucessora em 81%.

 Em 2002, a produção de veículos fechou em 1,8 milhões, porém, ao final de 2010, a produção automobilística nacional fechou o ano com um recorde: 3,63 milhões de unidades fabricadas. O volume representou uma alta de 14,3% sobre o ano de 2009, quando saíram das linhas das montadoras 3.182.923 veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) e o setor de caminhões foi o que teve maior alta em relação ao ano anterior: 54%.
Não posso deixar de fora o comentário preconceituoso do Jornalista Luiz Carlos Prates, que afirmava que " hoje qualquer miserável pode ter um carro", que pode ser conferido no vídeo abaixo:


Recentemente, o Jornalista e Apresentador da Rede Globo, Alexandre Garcia, fez uma declaração polêmica no Bom Dia Brasil, quando tentou creditar a greve dos caminhoneiros aos governos petistas, alegando que foram adquiridos muitos caminhões nos últimos anos. Em seguida, criticou diretamente o governo. Nas redes sociais, Garcia virou motivo de piada.

Ao final do governo de Fernando Henrique, os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no país, somavam US$ 16,6 bilhões, contudo, o cenário deixado pelo ex-Presidente Lula em 2010 foi da ordem de US$ 46,48 bilhões, um aumento de 87%, segundo o Banco Central, o valor foi suficiente para o cobrir o déficit em transações correntes de US$ 47,518 bilhões do ano. Cabe registrar aqui a queda do "Risco Brasil", que em 2002 acenava com 1.446 pontos, caindo para 180 pontos após a passagem de Lula pela Presidência do país.

O Índice Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechava o ano de 2002 com 11.268 pontos, bem distantes dos 69.304,81 pontos de 2010 do último ano do governo Lula.

Um dos pontos sobre o governo do ex-Presidente Lula que mais chama a atenção foi a geração de empregos, pois se no governo FHC, a média foi de 627 mil ao ano, Lula em seu governo, gerou mais empregos que Sarney, Collor, Itamar e FHC somados, a uma média anual de 1.877.954. Assim, economistas apontaram o mercado de trabalho como uma das principais faces da expansão econômica da "Era Lula", lembrando que além do recorde de empregos gerados (desde 2002) a renda do trabalhador vinha crescendo a uma média de 5% ao ano (já descontada a inflação). O crescimento da geração de emprego forma e maior poder de compra do trabalhador se intensificou a partir de 2005. Assim, parece até covardia tentar comparar com os índices de desemprego da "Era FHC", que registravam em 12,2% em 2002 e que em 2010, o país encerrou o ano com a menor taxa de desemprego em oito anos, 6,7%. E isso pode ser explicado também, pelo número de falências requeridas (média/ano) entre os governos; enquanto FHC a média anual de empresas decretando falência compreendiam 25.587; no governo Lula, o número de empresas requerendo falência, ficou em 1.939 na média anual. A produtividade da indústria nacional registrou durante o governo FHC, um aumento de 0,3%, enquanto com Lula, houve um salto para 11,3%. A produtividade, não podemos esquecer, é um tema central no debate sobre o crescimento econômico de um país. O modelo neo-clássico de crescimento coloca o aumento da produtividade total dos fatores como fonte única de crescimento da renda per capita no longo prazo. O aumento da produtividade não apenas gera um produto maior com a mesma quantidade de insumos, como também incentivos para que mais investimentos aconteçam, gerando um transbordamento para toda a economia.

A desigualdade social nos governos do ex-Presidente Lula também foi combatida a ponto de destoar dos números de seu antecessor, afinal, em 2002, FHC passava a faixa Presidencial a Lula com uma taxa de pobreza de 34%, já o ex-Presidente entregou à Dilma, um país com números bem mais reduzidos, explico, com a redução da pobreza em 50,6%, ficou claro que houve uma queda brusca da pobreza no país, de maior intensidade do que durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Com o Plano Real no Governo de Itamar Franco e a "Era FHC", a pobreza caiu 31,9%. Segundo o economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas: "o Brasil mais do que cumpriu a meta do milênio". A taxa de extrema pobreza de FHC era de 15% e Lula a reduziu para 5,2%, com tais números, a queda da desigualdade em nosso país, que da queda de 2,2% com Fernando Henrique, para 11,4% com o ex-Presidente Lula. Em 2010, a renda média do brasileiro cresceu 2 pontos percentuais acima do Produto Interno Bruto, ao avançar 9,6% (a alta do PIB foi de 7,5% na época).

Em 2002, Fernando Henrique entregou a Presidência do Brasil com uma Safra Agrícola de 97 milhões de toneladas, enquanto Luís Inácio Lula da Silva, deixou a Presidência com um número mais expressivo: 149,5 milhões de toneladas.

O valor de Mercado da Petrobras em 2002, não acompanhava a importância da empresa, R$ 15,5 bilhões, porém, em 2010, com um valor de mercado de R$ 380 bilhões, para entender, melhor acompanhar o lucro médio da empresa; se no governo FHC a média anual ficava em R$ 4,2 bilhões, no governo Lula, tivemos uma média nada modesta de . O lucro líquido da Petrobras ao final de 2010, totalizou R$ 35.189 bilhões, um aumento de 17% em comparação ao ano de 2009. 2010, de acordo com a Petrobras, foi o maior resultado anual da estatal. Em média, a empresa registrava cerca de R$ 20 bilhões/ano, durante o governo Lula. É fato que a companhia ganhou bilhões em investimentos no governo Lula e em 2007, ao anunciar a descoberta do Pré-Sal, viu seu valor de mercado - que já era quatro vezes maior do que o registrado em 2002, disparar. Preciso registrar aqui que a empresa perdeu parte desse valor extra em 2008, mas voltou a perder valor de mercado com a crise mundial de 2009. Apesar de ter atravessado, durante o governo Lula, a pior crise econômica mundial desde a Grande Depressão, a Petrobras teve desempenho financeiro em oito anos, muito acima do registrado na gestão do Sociólogo tucano. Entre 2003 e 2010, o lucro líquido acumulado da Petrobras foi de R$ 245,9 bilhões, um salto de 231% sobre os 74,1 bilhões atingidos entre 1995 e 2002.

Registremos aqui, o Brasil de 2002 era a 13ª economia do planeta, após a passagem de Lula, chegamos à 7ª colocação e em 2011, uma pesquisa publicada pelos principais jornais britânicos, apontava que o Brasil conquistaria o posto de 6ª maior economia do mundo naquele ano... E a pesquisa estava correta.

Não se pode falar em governo Lula sem citar a feliz criação do Programa Universidade para todos (PROUNI) em 2004 pelo Ministério da Educação (MEC); o programa tem a finalidade de ajudar os estudantes brasileiros que não tem condições para pagar o valor das faculdades particulares, a entrar no Ensino Superior através de Bolsas de Estudos que vão de 50 a 100% das mensalidades, vale lembrar que os estudantes com bolsa parcial (50%) e não tiver condições de arcar com a outra meta, poderá contar com o apoio do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). Quando Lula assumiu a Presidência do Brasil em 2003, o país tinha 3,94 milhões de estudantes matriculados no Ensino Superior, em 2010, ao deixar a Presidência, esse número saltou para 6,38 milhões. Que se registre: o benefício é concedido pelas faculdades em troca de incentivos fiscais e se trata de uma verdadeira compreensão do valor da Educação na construção de uma sociedade melhor. Tais números ficam ainda mais evidentes ao levarmos em consideração de que os governos anteriores, de FHC, Sociólogo de renome, registraram a triste realidade da criação de "0" (zero) Universidades Federais, ao passo que o ex-Presidente Lula, por meio do programa de expansão da Rede Federal de Ensino Superior, criou 14 novas Universidades. Se levarmos em consideração que de 1.500 até 1994, foram criadas 140 Escolas Técnicas, em 2002, FHC entregou apenas 11 e Lula: 214.

Evidencia-se a iniciativa dos governos Lula em tratar a Educação com o devido respeito quando atentamos para os 'gastos' (não gosto dessa palavra, para mim, Educação não é gasto e sim, investimento) Públicos em Educação. Se em 2002, FHC entregava o poder com R$ 17 bilhões, o ex-Presidente Lula passava a faixa para Dilma Rousseff já aproximando-se dos R$ 90 bilhões (em 2013, a conta fechava em R$ 94 bilhões).

A Educação no Brasil, segundo o estudo "Education at a glance" de 2011, da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento (OCDE), entidade internacional e inter-governamental que agrupa países mais industrializados da economia do mercado, era considerada uma prioridade para o país, apontando que o Brasil era o país que mais aumentara os 'gastos' com Educação Básico, o investimento por estudante, da pré-escola ao nono ano (oitava série), aumentara em 121% (entre 2000 e 2008). Em entrevista à época, Fernando Haddad, então Ministro da Educação afirmou: "o relatório da OCDE reconhece o Brasil como o país que mais investiu em Educação Básica da década; infelizmente não há o registro disso nacionalmente, mas internacionalmente, o mundo reconhece que o Brasil na última década fez o maior esforço de investimento na Educação Básica dentre todos os países avaliados". As estatísticas apresentadas pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) em 2011, demonstraram uma estimativa de que o investimento público em Educação alcançara 5,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, um aumento de 1,1 ponto percentual em dez anos; também ganhou destaque no relatório a estimativa do investimento público direto em Educação por estudante, que chegou a R$ 4.087 em 2010. O número de estudantes no Ensino Superior, saiu de 583.800 em 2003, para pouco mais de hum milhão em 2010, o crescimento das matrículas em 2010 foi de 7,1 em relação ao ano de 2009, que valeu outra afirmação acertada do então Ministro da Educação, Fernando Haddad: "a década 2001-2010 fecha mais do que dobrando o número de universitários no país". Em 2010, antes de deixar a Presidência, Lula houve uma reformulação do Fundo de Financiamento ao Estudante (FIES - criado por FHC em 1999 em substituição ao antigo PCE, o Programa de Crédito Educativo, de 76), naquele ano, a taxa de juros foi ajustada de 6,5% para 3,4% ao ano (abaixo da Taxa Selic) e também foi estabelecido um prazo de carência de 18 meses após a conclusão do curso, para o início dos pagamentos pelo estudante beneficiado. Outro ponto importante em relação à Educação no período dos oito anos de governo Lula, foi a aposta no Examente Nacional do Ensino Médio (ENEM), que passou a ser um passaporte de entrada dos estudantes no Ensino Superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Com alternativa ao vestibular, o exame democratizou o acesse ao Ensino Superior: 95% das Universidades Federais usam as notas do exame como mecanismo de seleção e é também critério para ingresso no ProUni, FIES e ao programa Ciência sem Fronteira (programa de bolsas para intercâmbio em Universidades de ponta no exterior). Outra medida importante para tornar as vagas no Ensino Superior acessíveis, foi a política de cotas. Muito criticada no início, quando se diziam que os cotistas puxariam o nível das Universidades para baixo e que não conseguiriam acompanhar o ritmo de seus colegas de classes mais abastadas, acabando por desistir dos estudos, porém, anos depois da implantação da política de cotas (sociais e raciais) nas Universidades Públicas, ficou provado o contrário, a qualidade do ensino aumentou e a evasão caiu. A Política de cotas funcionou tão bem que em 2012 virou lei, sancionada pela então Presidenta Dilma Rousseff. A Lei de Cotas Sociais destina 50% das vagas nas Federais para quem cursou - integralmente - o Ensino Médio nas Escolas Públicas e tais vagas são distribuídas entre negros, pardos e indígenas. Antes, o Diploma Universitário, era um privilégio concedido a poucos, mas no Brasil iniciado com a eleição do ex-Presidente Lula, o acesso ao Ensino Superior tornou-se mais amplo e democrático.

Os Gastos Públicos em Saúde seguiram a cartilha de aumentos perceptíveis, pois de 2002, os gastos eram da ordem de R$ 28 bilhões, em 2010 já se aproximavam dos R$ 100 bilhões. E não podemos esquecer que o Senado derrubou a Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) em 2007, representando uma redução de R$ 40 bilhões na arrecadação federal para 2008. Em 2003, o Ministério da Saúde iniciou a implantação do componente móvel de urgência com a criação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU-192. Atualmente, o SAMU-192 atende 75% da população brasileira: 149,9 milhões de habitantes distribuídos em 2,921 Municípios com acesso ao serviço no território nacional. Em todo o país, o Ministério da Saúde já habilitou 2.965 unidades móveis, sendo 2.382 Unidades de Suporte Básico, 567 Unidades de Suporte Avançado e 217 "Motolâncias", 9 Equipes de Embarcação e 7 Equipes Aeromédicas. Os recursos repassados para o custeio do serviço tiveram aumentos significativos.

Nunca os brasileiros viajaram tanto de avião como nos governos do ex-Presidente Lula, se em 2002 o valor das passagens aéreas vendidas chegou aos R$ 33 milhões, Lula fechou seu governo com valores próximos de 80 milhões , por conta da queda de 43% do preço médio da tarifa de passagens aéreas nacionais, assim, a procura por passagens cresceu quase 200%. Nesse período, várias matérias jornalísticas evidenciaram o preconceito de alguns brasileiros com os novos frequentadores dos aeroportos, incomodados alguns afirmavam que o aeroporto estava se transformando em uma rodoviária. Não podemos esquecer que até 2002 não existiam assentos por menos de R$ 100, enquanto em 2011, cerca de 16% das passagens aéreas foram comprados nessa faixa de preço e 65% das passagens foram compradas por menos de R$ 300,00.

As exportações brasileiras nos governos FHC fecharam o ano de 2002 registrando U$ 60,3 bilhões, porém, seguindo a tendência de alta de praticamente todos os setores dos governos Lula, as exportações brasileiras fecharam 2010 com o recorde histórico de U$ 201,91 bilhões, com uma média diária de U$ 804,48 milhões, superando as exportações de 2008 (U$ 179,99 bilhões), até então a maior da série histórica.

A capacidade energética do país, após o vexaminoso episódio que ficou conhecido como "Apagão" durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o país precisou fortalecer o setor e se em 2002, a capacidade energética era de 74.800 MW, em 2010 já estava em torno de 100.900 MW.

Foi em 2009 que Lula criou o programa "Minha Casa, Minha Vida", para benificiar famílias de baixa renda a conquistar o sonho da casa própria, em 2010, o ex-Presidente Lula assinou contratos para a construção de 1,3 milhão de moradias em todo o país.

O programa "Luz para Todos" levou energia elétrica para mais de 10 milhões de pessoas beneficiadas e melhorou a vida de comunidades isoladas.

Algumas pessoas ainda se lembram que Fernando Henrique Cardoso, em 2001, ignorou os nomes mais votados pelos Procuradores para a concepção da lista tríplece, de onde o então Presidente escolheria seu Procurador-Geral da República e indicou Geraldo Brindeiro, que ganhou a alcunha de Engavetador-Geral da República, por conta de sua atuação desde 95, quando assumiu e arquivou pelo menos três inquéritos contra políticos aliados do governo FHC. Durante o período anterior à decisão de FHC em reconduzí-lo ao cargo, Brindeiro devia decidir se denunciaria ou não o então Ministro Sérgio Motta (Comunicações) por suposto envolvimento no escândalo a compra de votos a favor da emenda da reeleição. A lentidão do Procurador-Geral gerou reações internas na própria Procuradoria, inclusive com sub-Procuradores enviando ofícios a Brindeiro pedindo apuração das denúncias sobre compra de votos. Para a oposição, a recondução do Procurador-Geral ao cargo eram favas contadas, uma vez que além de "Engavetador-Geral da República", Brindeiro também era conhecido como uma espécie de Advogado do Presidente. Já Fernando Henrique, anos depois afirmou que não mandou investigar as denúncias porque o assunto era uma questão do Congresso, não de seu governo.

De fato, a decisão de fortalecer a Polícia Federal e apoiar sua atuação, se deu no primeiro mandato do ex-Presidente Lula (o governo Dilma Rousseff continuou com o mesmo viés de combate à corrupção e apoio à Polícia Federal). A postura ética e moralizante, sem dúvida, vem desde o primeiro mandato de Lula, quando a Polícia Federal realizou 15 operações de combate à corrupção, em 2004 foram 42 operações. Em 2008, atingiu-se a marca de 273 operações para combater a corrupção em todos os níveis de governo. A Polícia Federal fechou 2010 com 272 ações e em todo o governo do ex-Presidente Lula, foram realizadas 1.060 operações contra apenas 48 registradas nos oito anos dos governos FHC. Lula contratou mais servidores para a Polícia Federal por meio de concurso público e ampliou o orçamento da institução e adquiriu equipamentos de inteligência; durante os anos em que Lula esteve à frente do Executivo, a Controladoria-Geral da União, importante órgão de combate à corrupção criado durante o governo de Fernando Henrique, ganhou o status de Ministério e passou a realizar auditorias em quase dois mil Municípios, através de sorteios, para evitar a partidarização das investigações.

Porém, as melhorias não se restringem à Polícia Federal, os números da Justiça Federal merecem destaque também, uma vez que das 100 Varas de Justiça de 2002, Lula entregou 513 ao final de seu governo.

A partir de 2003, último ano em que a pobreza subiu - para 61,81 milhões - o que se registrou foram sucessivas quedas, permitindo que Dilma fechasse 2011 com 34,36  milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza. Uma redução tão perceptível quanto necessária.

Convido agora, todos os leitores a voltar no tempo com a leitura do Discurso de Posse do então Presidente da República Federativa do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, no Congresso Nacional e, por fim, com as informações veiculadas por este artigo, refletir sobre os resultados dos compromissos firmados por Lula durante todo o exercício de seus dois mandatos. Será que tais números realmente explicariam os 87% de aprovação de seu governo por parte da população? Será pot conta de seu inegável sucesso que seu nome figurou em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto? Até onde pode-se atribuir a sua preferência no coração dos brasileiros e brasileiras por conta da perseguição e pelas lembranças de tempos melhores ainda bastante recentes?

A minha certeza pessoal é de que realmente se tratou do melhor Presidente da História do nosso país e hoje, um Preso Político, alguém que foi impedido de forma truculenta de obedecer o desejo da grande maioria do povo brasileiro, que hoje, sofre nas mãos de um usurpador e de todo um "Consórcio de Ladrões" que estão destruindo as conquistas do ex-Presidente e colocando o Brasil de joelhos frente aos desígnios daqueles que há tempos cobiçam nossas riquezas e encontravam em Lula um oponente de peso para impedí-los de nos conduzir de volta aos tempos do Brasil-Colônia.

Fiquem com o discurso.


"Excelentíssimos senhores chefes de Estado e de Governo; visitantes e chefes das missões especiais estrangeiras; Excelentíssimo senhor Presidente do Congresso Nacional, Senador Ramez Tebet; Excelentíssimo senhor vice-presidente da República, José Alencar; Excelentíssimo senhor presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Efraim Morais; excelentíssimo senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Marco Aurélio Mendes de Faria Mello; senhoras e senhores Ministros e
Ministras de Estado; senhoras e senhores Parlamentares, senhoras e senhores presentes a este ato de posse.

"Mudança": esta é a palavra-chave, esta foi a grande mensagem da sociedade brasileira nas eleições de Outubro. A Esperança, finalmente, venceu o medo e a sociedade brasileira decidiu que estava na hora de trilhar novos caminhos.

Diante do esgotamento de um modelo que, em vez de gerar crescimento, produziu estagnação, desemprego e fome; diante do fracasso de uma cultura do individualismo, do egoísmo, da indiferença perante o próximo, da desintegração das famílias e das comunidades, diante das ameaças à Soberania Nacional, da precariedade avassaladora da Segurança Pública, do desrespeito aos mais velhos e do desalento dos mais jovens; diante do impasse econômico, social e moral do país, a sociedade brasileira escolheu mudar e começou, ela mesma, a promover a mudança necessária.

Foi para isso que o povo brasileiro me elegeu Presidente da República: para mudar. Este foi o sentido de cada voto dado a mim e ao meu bravo companheiro José Alencar. E eu estou aqui, neste dia sonhado por tantas gerações de lutadores que vieram antes de nós, para reafirmar os meus compromissos mais profundos e essenciais, para reiterar a todo cidadão e cidadã do meu país o significado de cada palavra dita na campanha, para imprimir à mudança um caráter de intensidade prática, para dizer que chegou a hora de transformar o Brasil naquela Nação com a qual a gente sempre sonhou: uma Nação soberana, digna, consciente da própria importância no cenário internacional e, ao mesmo tempo, capaz de abrigar, acolher e tratar com Justiça todos os seus filhos.
Vamos mudar, sim. Mudar com coragem e cuidado, humildade e ousadia, mudar tendo consciência de que a mudança é um processo gradativo e continuado, não um simples ato de vontade, não um arroubo voluntarista.

Mudança por meio do diálogo e da negociação, sem atropelos ou precipitações, para que o resultado seja consistente e duradouro.

O Brasil é um país imenso, um continente de alta complexidade humana, ecológica e social, com quase 175 milhões de habitantes. Não podemos deixá-lo seguir à deriva, ao sabor dos ventos, carente de um verdadeiro projeto de desenvolvimento nacional e de um planejamento, de fato, estratégico. Se
queremos transformá-lo, a fim de vivermos em uma Nação em que todos possam andar de cabeça erguida, teremos de exercer quotidianamente duas virtudes: a paciência e a perseverança.

Teremos que manter sob controle as nossas muitas e legítimas ansiedades sociais, para que elas possam ser atendidas no ritmo adequado e no momento justo; teremos que pisar na estrada com os olhos abertos e caminhar com os passos pensados, precisos e sólidos, pelo simples motivo de que ninguém pode colher os frutos antes de plantar as árvores.

Mas começaremos a mudar já, pois como diz a sabedoria popular, uma longa caminhada começa pelos primeiros passos. Este é um país extraordinário. Da Amazônia ao Rio Grande do Sul, em
meio a populações praieiras, sertanejas e ribeirinhas, o que vejo em todo lugar é um povo maduro, calejado e otimista. Um povo que não deixa nunca de ser novo e jovem, um povo que sabe o que é sofrer, mas sabe também o que é alegria, que confia em si mesmo, em suas próprias forças. Creio num futuro grandioso para o Brasil, porque a nossa alegria é maior do que a nossa dor, a nossa força é maior do que a nossa miséria, a nossa esperança é maior do que o nosso medo.

O povo brasileiro, tanto em sua história mais antiga, quanto na mais recente, tem dado provas incontestáveis de sua grandeza e generosidade; provas de sua capacidade de mobilizar a energia nacional em grandes momentos cívicos; e eu desejo, antes de qualquer outra coisa, convocar o meu
povo, justamente para um grande mutirão cívico, para um mutirão nacional contra a fome.

Num país que conta com tantas terras férteis e com tanta gente que quer trabalhar, não deveria haver razão alguma para se falar em fome. No entanto, milhões de brasileiros, no campo e na cidade, nas zonas rurais mais desamparadas e nas periferias urbanas, estão, neste momento, sem ter o que comer. Sobrevivem milagrosamente abaixo da linha da pobreza, quando não morrem de miséria, mendigando um pedaço de pão. Essa é uma história antiga. O Brasil conheceu a riqueza dos engenhos e das plantações de cana-de-açúcar nos primeiros tempos coloniais, mas não venceu a fome; proclamou a Independência Nacional e aboliu a escravidão, mas não venceu a fome; conheceu a riqueza das jazidas de ouro, em Minas Gerais, e da produção de café, no Vale do Paraíba, mas não venceu a fome; industrializou-se e forjou um notável e diversificado parque produtivo, mas não venceu a fome. Isso não pode continuar assim. Enquanto houver um irmão brasileiro ou uma irmã brasileira passando fome, teremos motivo de sobra para nos cobrirmos de vergonha.

Por isso, defini entre as prioridades de meu Governo um programa de segurança alimentar que leva o nome de Fome Zero. Como disse em meu primeiro pronunciamento após a eleição, se, ao final do meu mandato, todos os brasileiros tiverem a possibilidade de tomar café da manhã, almoçar e jantar, terei cumprido a missão da minha vida. É por isso que hoje conclamo: vamos acabar com a fome em nosso país. Transformemos o fim da fome em uma grande causa nacional, como foram no passado a criação da Petrobrás e a memorável luta pela redemocratização do país. Essa é uma causa que pode e deve ser de todos, sem distinção de classe, partido, ideologia. Em face do clamor dos que padecem o flagelo da fome, deve prevalecer o imperativo ético de somar forças, capacidades e instrumentos para defender o que é mais sagrado: a dignidade humana. Para isso, será também imprescindível fazer uma reforma agrária pacífica, organizada e planejada.

Vamos garantir acesso à terra para quem quer trabalhar, não apenas por uma questão de justiça social, mas para que os campos do Brasil produzam mais e tragam mais alimentos para a mesa de todos nós, tragam trigo, soja, farinha, frutos, o nosso feijão com arroz. Para que o homem do campo recupere sua dignidade sabendo que, ao se levantar com o nascer do sol, cada movimento de sua enxada ou do seu trator irá contribuir para o bem-estar dos brasileiros do campo e da cidade, vamos incrementar também a agricultura familiar, o cooperativismo, as formas de economia solidária. Elas são perfeitamente compatíveis com o nosso vigoroso apoio à pecuária e à agricultura empresarial, à agroindústria e ao agronegócio; são, na verdade, complementares tanto na dimensão econômica
quanto social. Temos de nos orgulhar de todos esses bens que produzimos e comercializamos.

A reforma agrária será feita em terras ociosas, nos milhões de hectares hoje disponíveis para a chegada de famílias e de sementes, que brotarão viçosas, com linhas de crédito e assistência técnica e científica. Faremos isso sem afetar de modo algum as terras que produzem, porque as terras
produtivas se justificam por si mesmas e serão estimuladas a produzir sempre mais, a exemplo da gigantesca montanha de grãos que colhemos a cada ano.

Hoje, tantas áreas do país estão devidamente ocupadas, as plantações espalham-se a perder de vista, há locais em que alcançamos produtividade maior do que a da Austrália e a dos Estados Unidos. Temos que cuidar bem, muito bem, deste imenso patrimônio produtivo brasileiro. Por outro lado, é
absolutamente necessário que o país volte a crescer, gerando empregos e distribuindo renda.

Quero reafirmar aqui o meu compromisso com a produção, com os brasileiros e brasileiras, que querem trabalhar e viver dignamente do fruto do seu trabalho. Disse e repito: criar empregos será a minha obsessão. Vamos dar ênfase especial ao projeto Primeiro Emprego, voltado para criar oportunidades aos jovens, que hoje encontram tremenda dificuldade em se inserir no mercado
de trabalho. Nesse sentido, trabalharemos para superar nossas vulnerabilidades atuais e criar condições macroeconômicas favoráveis à retomada do crescimento sustentado, para a qual a estabilidade e a gestão responsável das finanças públicas são valores essenciais. Para avançar nessa direção, além de travar combate implacável à inflação, precisaremos exportar mais, agregando valor aos nossos produtos e atuando, com energia e criatividade, nos solos internacionais do comércio
globalizado. Da mesma forma, é necessário incrementar, e muito, o mercado interno, fortalecendo as pequenas e microempresas. É necessário também investir em capacitação tecnológica e infra-estrutura voltada para o escoamento da produção. Para repor o Brasil no caminho do crescimento, que gere os postos de trabalho tão necessários, carecemos de um autêntico pacto social pelas mudanças e de uma aliança que entrelace objetivamente o trabalho e o capital produtivo, geradores da riqueza fundamental da Nação, de modo a que o Brasil supere a estagnação atual e volte a navegar no mar aberto do desenvolvimento econômico e social.

O pacto social será, igualmente, decisivo para viabilizar as reformas que a sociedade brasileira reclama e que eu me comprometi a fazer: a reforma da Previdência, a reforma tributária, a reforma política e da legislação trabalhista, além da própria reforma agrária. Esse conjunto de reformas vai
impulsionar um novo ciclo do desenvolvimento nacional. Instrumento fundamental desse pacto pela mudança será o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social que pretendo instalar já a partir de Janeiro, reunindo empresários, trabalhadores e lideranças dos diferentes segmentos da sociedade civil.

Estamos em um momento particularmente propício para isso. Um momento raro da vida de um povo. Um momento em que o Presidente da República tem consigo, ao seu lado, a vontade nacional. O empresariado, os partidos políticos, as Forças Armadas e os trabalhadores estão unidos. Os homens, as mulheres, os mais velhos, os mais jovens, estão irmanados em um mesmo propósito de contribuir para que o país cumpra o seu destino histórico de prosperidade e justiça.

Além do apoio da imensa maioria das organizações e dos movimentos sociais, contamos também com a adesão entusiasmada de milhões de brasileiros e brasileiras que querem participar dessa cruzada pela retomada pelo crescimento contra a fome, o desemprego e a desigualdade social. Trata-se de uma poderosa energia solidária que a nossa campanha despertou e que não podemos e não vamos desperdiçar. Uma energia ético-política extraordinária que nos empenharemos para que encontre canais de expressão em nosso Governo.

Por tudo isso, acredito no pacto social. Com esse mesmo espírito constituí o meu Ministério com alguns dos melhores líderes de cada segmento econômico e social brasileiro. Trabalharemos em equipe, sem personalismo, pelo bem do Brasil e vamos adotar um novo estilo de Governo, com absoluta transparência e permanente estímulo à participação popular.

O combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão objetivos centrais e permanentes do meu Governo. É preciso enfrentar com determinação e derrotar a verdadeira cultura da impunidade que prevalece em certos setores da vida pública. Não permitiremos que a corrupção, a sonegação e o desperdício continuem privando a população de recursos que são seus e que tanto
poderiam ajudar na sua dura luta pela sobrevivência.

Ser honesto é mais do que apenas não roubar e não deixar roubar. É também aplicar com eficiência e transparência, sem desperdícios, os recursos públicos focados em resultados sociais concretos. Estou convencido de que temos, dessa forma, uma chance única de superar os principais entraves ao
desenvolvimento sustentado do país. E acreditem, acreditem mesmo, não pretendo desperdiçar essa oportunidade conquistada com a luta de muitos milhões de brasileiros e brasileiras.

Sob a minha liderança, o Poder Executivo manterá uma relação construtiva e fraterna com os outros Poderes da República, respeitando exemplarmente a sua independência e o exercício de suas altas funçõesconstitucionais.

Eu, que tive a honra de ser parlamentar desta Casa, espero contar com a contribuição do Congresso Nacional no debate criterioso e na viabilização das reformas estruturais que o país demanda de todos nós.

Em meu Governo, o Brasil vai estar no centro de todas as atenções. O Brasil precisa fazer, em todos os domínios, um mergulho para dentro de si mesmo, de forma a criar forças que lhe permitam ampliar o seu horizonte. Fazer esse mergulho não significa fechar as portas e janelas ao mundo. O
Brasil pode e deve ter um projeto de desenvolvimento que seja ao mesmo tempo nacional e universalista. Significa, simplesmente, adquirir confiança em nós mesmos, na capacidade de fixar objetivos de curto, médio e longo prazos e de buscar realizá-los.

O ponto principal do modelo para o qual queremos caminhar é a ampliação da poupança interna e da nossa capacidade própria de investimento, assim como o Brasil necessita valorizar o seu capital humano investindo em conhecimento e tecnologia. Sobretudo vamos produzir. A riqueza que conta é aquela gerada por nossas próprias mãos, produzida por nossas máquinas, pela nossa inteligência
e pelo nosso suor.

O Brasil é grande. Apesar de todas as crueldades e discriminações, especialmente contra as comunidades indígenas e negras, e de todas as desigualdades e dores que não devemos esquecer jamais, o povo brasileiro realizou uma obra de resistência e construção nacional admirável. Construiu, ao longo dos séculos, uma Nação plural, diversificada, contraditória até, mas que se entende de uma ponta a outra do território. Dos encantados da Amazônia aos orixás da Bahia; do frevo pernambucano às escolas de samba do Rio de Janeiro; dos tambores do Maranhão ao barroco mineiro; da arquitetura de Brasília à música sertaneja. Estendendo o arco de sua multiplicidade nas culturas de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e da região Centro-Oeste.

Esta é uma Nação que fala a mesma língua, partilha os mesmos valores fundamentais, se sente que é brasileira. Onde a mestiçagem e o sincretismo se impuseram, dando uma contribuição original ao mundo. Onde judeus e árabes conversam sem medo. Onde toda migração é bem-vinda, porque sabemos que, em pouco tempo, pela nossa própria capacidade de assimilação e de bem-querer, cada migrante se transforma em mais um brasileiro.

Esta Nação, que se criou sob o céu tropical, tem que dizer a que veio: internamente, fazendo justiça à luta pela sobrevivência em que seus filhos se acham engajados; externamente, afirmando a sua presença soberana e criativa no mundo.

Nossa política externa refletirá também os anseios de mudança que se expressaram nas ruas. No meu Governo, a ação diplomática do Brasil estará orientada por uma perspectiva humanista e será, antes de tudo, um instrumento do desenvolvimento nacional. Por meio do comércio exterior, da
capacitação de tecnologias avançadas, e da busca de investimentos produtivos, o relacionamento externo do Brasil deverá contribuir para a melhoria das condições de vida da mulher e do homem brasileiros, elevando os níveis de renda e gerando empregos dignos.

As negociações comerciais são hoje de importância vital. Em relação à Alca, nos entendimentos entre o Mercosul e a União Européia, na Organização Mundial do Comércio, o Brasil combaterá o protecionismo, lutará pela eliminação e tratará de obter regras mais justas e adequadas à nossa condição de país em desenvolvimento. Buscaremos eliminar os escandalosos subsídios agrícolas dos países desenvolvidos que prejudicam os nossos produtores, privando-os de suas vantagens comparativas. Com igual empenho, esforçarnos-emos para remover os injustificáveis obstáculos às exportações de produtos industriais. Essencial em todos esses foros é preservar os espaços de
flexibilidade para nossas políticas de desenvolvimento nos campos social e regional, de meio ambiente, agrícola, industrial e tecnológico. Não perderemos de vista que o ser humano é o destinatário último do resultado das negociações. De pouco valerá participarmos de esforço tão amplo e em tantas frentes se daí não decorrerem benefícios diretos para o nosso povo. Estaremos
atentos também para que essas negociações, que hoje em dia vão muito além de meras reduções tarifárias e englobam um amplo espectro normativo, não criem restrições inaceitáveis ao direito soberano do povo brasileiro de decidir sobre seu modelo de desenvolvimento.

A grande prioridade da política externa durante o meu Governo será a construção de uma América do Sul politicamente estável, próspera e unida, com base em ideais democráticos e de justiça social. Para isso é essencial uma ação decidida de revitalização do Mercosul, enfraquecido pelas crises de cada um de seus membros e por visões muitas vezes estreitas e egoístas do significado da integração. O Mercosul, assim como a integração da América do Sul em seu conjunto, é sobretudo um projeto político. Mas esse projeto repousa em alicerces econômico-comerciais que precisam ser urgentemente reparados e reforçados.

Cuidaremos também das dimensões social, cultural e científicotecnológica do processo de integração. Estimularemos empreendimentos conjuntos e fomentaremos um vivo intercâmbio intelectual e artístico entre os países sul-americanos. Apoiaremos os arranjos institucionais necessários, para que possa florescer uma verdadeira identidade do Mercosul e da América do Sul. Vários dos nossos vizinhos vivem, hoje, situações difíceis. Contribuiremos, desde que chamados e na medida de nossas possibilidades, para encontrar soluções pacíficas para tais crises, com base no diálogo, nos preceitos
democráticos e nas normas constitucionais de cada país. O mesmo empenho de cooperação concreta e de diálogos substantivos teremos com todos os países da América Latina.

Procuraremos ter com os Estados Unidos da América uma parceria madura, com base no interesse recíproco e no respeito mútuo. Trataremos de fortalecer o entendimento e a cooperação com a União Européia e os seus Estados-membros, bem como com outros importantes países desenvolvidos, a
exemplo do Japão. Aprofundaremos as relações com grandes nações em desenvolvimento: a China, a Índia, a Rússia, a África do Sul, entre outras. Reafirmamos os laços profundos que nos unem a todo o continente africano e a nossa disposição de contribuir ativamente para que ele desenvolva
as suas enormes potencialidades. Visamos não só a explorar os benefícios potenciais de um maior
intercâmbio econômico e de uma presença maior do Brasil no mercado internacional, mas também a estimular os incipientes elementos de multipolaridade da vida internacional contemporânea. A democratização das relações internacionais sem hegemonias de qualquer espécie é tão importante para o futuro da Humanidade quanto a consolidação e o desenvolvimento da democracia no interior de cada estado.

Vamos valorizar as organizações multilaterais, em especial as Nações Unidas, a quem cabe a primazia na preservação da paz e da segurança internacionais. As resoluções do Conselho de Segurança devem ser fielmente cumpridas. Crises internacionais como a do Oriente Médio devem ser resolvidas por meios pacíficos e pela negociação. Defenderemos um Conselho de Segurança reformado, representativo da realidade contemporânea com países desenvolvidos e em desenvolvimento das várias regiões do mundo entre os seus membros permanentes. Enfrentaremos os desafios da hora atual, como o terrorismo e o crime organizado, valendo-nos da cooperação internacional e com base nos princípios do multilateralismo e do Direito Internacional.

Apoiaremos os esforços para tornar a ONU e suas agências instrumentos ágeis e eficazes da promoção do desenvolvimento social e econômico, do combate à pobreza, às desigualdades e a todas as formas de discriminação, da defesa dos direitos humanos e da preservação do meio
ambiente. Sim, temos uma mensagem a dar ao mundo: temos de colocar nosso projeto nacional democraticamente em diálogo aberto como as demais nações do planeta, porque nós somos o novo, somos a novidade de uma civilização que se desenhou sem temor, porque se desenhou no corpo, na alma e no coração do povo, muitas vezes, à revelia das elites, das instituições e até mesmo do Estado.

É verdade que a deterioração dos laços sociais no Brasil nas últimas duas décadas, decorrente de políticas econômicas que não favoreceram o crescimento, trouxe uma nuvem ameaçadora ao padrão tolerante da cultura nacional. Crimes hediondos, massacres e linchamentos crisparam o país e
fizeram do cotidiano, sobretudo nas grandes cidades, uma experiência próxima da guerra de todos contra todos. Por isso, inicio este mandato com a firme decisão de colocar o governo
federal em parceria com os Estados, a serviço de uma política de segurança pública muito mais vigorosa e eficiente. Uma política que, combinada com ações de saúde, educação, entre outras, seja capaz de prevenir a violência, reprimir a criminalidade e restabelecer a segurança dos cidadãos e cidadãs. Se conseguirmos voltar a andar em paz em nossas ruas e praças, daremos um extraordinário impulso ao projeto nacional de construir, neste rincão da América, um bastião mundial da tolerância, do pluralismo democrático e do convívio respeitoso com as diferenças.

O Brasil pode dar muito a si mesmo e ao mundo. Por isso devemos exigir muito de nós mesmos. Devemos exigir até mais do que pensamos, porque ainda não nos expressamos por inteiro na nossa história, porque ainda não cumprimos a grande missão planetária que nos espera. O Brasil, nesta
nova empreitada histórica, social, cultural e econômica, terá de contar, sobretudo, consigo mesmo; terá de pensar com a sua cabeça; andar com as suas próprias pernas; ouvir o que diz o seu coração. E todos vamos ter de aprender a amar com intensidade ainda maior o nosso país, amar a nossa
Bandeira, amar a nossa luta, amar o nosso povo. Cada um de nós, brasileiros, sabe que o que fizemos até hoje não foi pouco, mas sabe também que podemos fazer muito mais. Quando olho a minha própria vida de retirante nordestino, de menino que vendia amendoim e laranja no cais de Santos, que se tornou torneiro mecânico e líder sindical, que um dia fundou o Partido dos Trabalhadores e acreditou no que estava fazendo, que agora assume o posto de Supremo Mandatário da Nação, vejo e sei, com toda a clareza e com toda a convicção, que nós podemos muito mais. E, para isso, basta acreditar em nós mesmos, em nossa força, em nossa capacidade de criar e em nossa disposição para fazer.

Estamos começando hoje um novo capítulo na história do Brasil, não como Nação submissa, abrindo mão de sua soberania, não como Nação injusta, assistindo passivamente ao sofrimento dos mais pobres, mas como Nação altiva, nobre, afirmando-se corajosamente no mundo como Nação de
todos, sem distinção de classe, etnia, sexo e crença.

Este é um país que pode dar, e vai dar, um verdadeiro salto de qualidade. Este é o país do novo milênio, pela sua potência agrícola, pela sua estrutura urbana e industrial, por sua fantástica biodiversidade, por sua riqueza cultural, por seu amor à natureza, pela sua criatividade, por sua competência intelectual e científica, por seu calor humano, pelo seu amor ao novo e à invenção, mas sobretudo pelos dons e poderes do seu povo.

O que nós estamos vivendo hoje, neste momento, meus companheiros e minhas companheiras, meus irmãos e minhas irmãs de todo o Brasil, pode ser resumido em poucas palavras: hoje é o dia do reencontro do Brasil consigo mesmo.

Agradeço a Deus por chegar até aonde cheguei. Sou agora o servidor público número um do meu país.

Peço a Deus sabedoria para governar, discernimento para julgar, serenidade para administrar, coragem para decidir e um coração do tamanho do Brasil para me sentir unido a cada cidadão e cidadã deste país no dia-a-dia dos próximos quatro anos.

Viva o povo brasileiro!"

Luís Inácio Lula da Silva - o Maior e Melhor Presidente que o Brasil já conheceu